A restauração ecológica no Brasil se intensificou nas últimas décadas, passando por uma série
de transformações conceituais e de paradigmas. No princípio, a restauração era conduzida para restabelecer
serviços ecossistêmicos e a riqueza e a origem das espécies utilizadas não era questionada. Atualmente, plantios
em alta diversidade e somente com o uso de espécies nativas são recomendados. Com o objetivo de verificar
se o número de espécies nativas e exóticas utilizadas na restauração de matas ciliares tem se modificado ao
longo do tempo, analisamos 44 projetos implantados de 1957 a 2008, localizados no estado de São Paulo,
em região anteriormente ocupada por Floresta Estacional Semidecidual (FES). Em cada local efetuamos o
levantamento das árvores plantadas em área total de 1.000 m 2 , subdividida em parcelas aleatoriamente distribuídas.
Classificamos como exóticas todas as espécies que não ocorrem naturalmente em região de FES. O número
total de espécies amostradas por local variou de 12 a 58 e registramos espécies exóticas em todos os plantios
estudados. Verificamos que a riqueza de espécies plantadas aumentou, passando de 25 espécies, em média, nas
décadas de 1970, 1980 e 1990, para 33 espécies entre 2000 e 2008. Porém, o aumento no número de espécies
nativas foi acompanhado pelo aumento no número de espécies exóticas, que vinha decrescendo até a década
de 1990. Normas voltadas à restauração parecem ter sido bem sucedidas em aumentar a diversidade dos plantios,
porém espécies exóticas ainda continuam sendo utilizadas nos projetos de restauração. Para promover plantios
mais adequados aos objetivos da restauração ecológica, que primem por espécies nativas, ações como a maior
fiscalização na produção das mudas fornecidas pelos viveiros e treinamento adequado dos profissionais ligados
à restauração ecológica se tornam necessárias.
Ecological restoration in Brazil has intensified in recent decades, and its concepts and paradigms
have progressively changed. In the first decades, the richness of species and their origin were not questionable,
since the restoration was intended to restore only ecosystem services. Currently, however, high diversity is
required and only native species are accepted by environmental laws. In order to verify if the numbers of
native and exotic species used in ecological restoration have changed over time, we assessed 44 riparian
forests undergoing restoration in the state of São Paulo. All study areas were restored from 1957 to 2008,
in sites where the former vegetation was seasonal forest (FES). At each site we sampled all trees planted
in a total area of 1000 m 2 , divided in plots randomly distributed. We classified as exotics all species whose
native range is not the Seasonal Atlantic Forest. The total number of species sampled per site ranged from
12 to 58 and exotic species were recorded in all sites. The number of species recorded increased from an
average of 25 species in the 1970s, 1980s and 1990s, to 33 species from 2000 to 2008. However, the number
of alien species has also increased in the same period. Rules aiming at high diversity in ecological restoration
may have been successful, but the use of exotic species in restoration projects have increased in recent years.
Improving inspection in forest nurseries and adequate training of professionals involved in ecological restoration
are recommended actions in order to avoid the use of exotic species in restoration projects.