Resumo:
A exploração de madeira está crescendo na região amazônica de forma desorganizada, resultando em danos desnecessários à floresta. Neste estudo, inicialmente avaliamos a viabilidade técnica, a eficiência e a rentabilidade do manejo florestal no leste da Amazônia comparando a exploração de madeira com e sem manejo em duas áreas adjacentes. Em seguida, para avaliar o desempenho econômico do manejo no longo prazo, estimamos, através de simulações, o valor presente da receita líquida (VLP) da exploração da primeira e segunda colheita seletiva de madeira, em ciclos de 20 e 30 anos, com e sem manejo. Estimamos o custo do planejamento da exploração em US$ 72/ha, ou cerca de US$ 1,75 a 2,15/m³, considerando a exploração típica de aproximadamente 35 a 40 m³/ha na região. Mais de 90% destes custos eram referentes ao mapeamento das árvores, corte de cipós e planejamento das operações de derrubada e arraste das toras. Entretanto, o aumento de US$ 3,64/ m³ no lucro da exploração manejada foi duas vezes maior do que os custos do planejamento da exploração. Esse aumento derivou de uma maior produtividade do trabalho e da redução de desperdícios de madeira. Além disso, a exploração manejada ocasiona benefícios a longo prazo, uma vez que também reduz os danos às árvores não extraídas. Assim, a combinação de um bom estoque de madeira remanescente com tratamentos silviculturais após a exploração deverá resultar em um maior acúmulo de madeira nas áreas manejadas. Estimamos que, com manejo, o volume disponível para uma segunda colheita seletiva de madeira seria 68% maior do que na exploração não manejada. Em um ciclo de corte de 30 anos, o VLP de duas colheitas de madeira com manejo seria entre 38 a 45% maior do que sem manejo, para taxas de desconto entre 20 e 6% ao ano, respectivamente. Embora o manejo seja economicamente viável, ainda existem barreiras para a sua aplicação em ampla escala na região amazônica. Por exemplo, a difusão incipiente das técnicas de manejo aos usuários da floresta; a maior rentabilidade da agropecuária no curto prazo em comparação com o manejo; e a falta de controle eficiente da exploração de madeira sem manejo, tornando-a lucrativa no curto prazo. Além disso, o investimento em terras florestais é arriscado, dadas freqüentes disputas pela posse da terra. Para superar essas barreiras em escala regional será necessário, portanto, uma política florestal incluindo planejamento da ocupação de terras públicas da região, controle eficiente da exploração madeireira, incentivos econômicos ao manejo e extensão florestal.
Descrição:
O conteúdo é apresentado em: Introdução; Informações preliminares: Área de estudo / Os métodos de exploração com e sem manejo; Metodologia: Produtividade e custos do planejamento da exploração / Produtividade e custos da exploração de madeira / Os desperdícios de madeira / A rentabilidade da exploração de madeira com e sem manejo; Resultados e discussão: A intensidade da exploração com e sem manejo / Custos do planejamento da exploração / Os desperdícios de madeira na exploração com e sem manejo / Produtividade e custos da exploração de madeira com e sem manejo / Impactos do manejo na economia da exploração madeireira / Uma visão de longo prazo / Obstáculos à adoção do manejo / O papel de uma política florestal na adoção do manejo em escala regional; Conclusão; Agradecimentos; Referências bibliográficas; Apêndice.