Resumo:
A condição da floresta tropical na bacia Amazônica é frequentemente expressa em termos de extensão do desmatamento. Todavia, na porção oriental da Amazônia Brasileira, a exploração e os incêndios rasteiros degradam a estrutura da floresta e criam tipos de cobertura que são intermediários entre floresta intacta e floresta desmatada. O objetivo deste estudo é compreender as implicações da degradação florestal, comparando os impactos de variadas intensidades de exploração e incêndio na estrutura e composição da floresta. Inventários no campo, executados em florestas cujos impactos sofridos variaram de nenhum impacto até florestas exploradas e gravemente queimadas, foram conduzidos em 14 parcelas de 10 m x 500 m, localizadas em 10 propriedades na região de Paragominas, no estado do Pará, Brasil. Estimou-se a biomassa viva acima do solo da floresta intacta em 309 ton/ha-1. Na floresta explorada moderadamente, da qual foram removidos 35 m³ por ha-1, esse valor de biomassa viva decresceu 20%. Entretanto, na floresta explorada intensamente da qual foram removidos 69 m³ /ha 1, observou-se uma redução de 48% daquela biomassa. A queimada leve da floresta moderadamente explorada resultou numa redução da biomassa total igual àquela da exploração de alta intensidade (48%), enquanto que a floresta moderadamente explorada e intensamente queimada teve 83% menos de biomassa viva do que a floresta intacta. A recuperação da biomassa e da estrutura da floresta existente antes da degradação pode ser impedida pela abundância de cipós e pela alta incidência de danos na copa e no tronco nas florestas residuais. Embora a queimada tenha matado a maioria dos cipós lenhosos com diâmetro grande, o aumento na quantidade de cipós com diâmetro menor que 1 cm (densidade média de 4.100 cipós/ha -1 em florestas levemente queimadas e 9.355 -1 cipós/ha em florestas intensamente queimadas) mais que compensou essas perdas em termos da densidade total de cipós. Além disso, o aumento da quantidade de resíduos lenhosos grossos e a grande redução na cobertura do dossel, tanto na floresta explorada com alta intensidade quanto na floresta queimada intensamente, aumentou o risco de incêndios futuros, que podem degradar ainda mais essas florestas. À medida que as fronteiras de exploração na Amazônia Brasileira envelhecem, aumenta a possibilidade de florestas exploradas serem reexploradas. Isto, combinado com o aumento da flamabilidade das florestas anteriormente queimadas, pode resultar no alastramento da degradação florestal, amenos que sejam desenvolvidos incentivos para encorajar o uso de técnicas de exploração de baixo impacto e o desenvolvimento de métodos de prevenção de incêndio de custo efetivo.
Descrição:
O conteúdo é apresentado em: Introdução; Sítios de estudo; Métodos; Resultados: A história da exploração e do fogo das áreas de floresta degradada / Perturbação do chão e da cobertura do dossel da floresta / Mudanças na composição de espécies e na abundância de indivíduos / Reduções na biomassa acima do solo Potencial de produção madeireira de florestas degradadas; Discussão; Agradecimentos; Referências bibliográficas.