Nos trabalhos em comunidades florestais, tradicionalmente são estudadas apenas a composição e a estrutura do componente arbóreo, relegando o estrato herbáceo-arbustivo ao esquecimento ou ao segundo plano. Os objetivos deste trabalho foram descrever a estrutura fitossociológica desse estrato para entender suas relações sinecológicas e, por fim, estudar a distribuição dos indivíduos pelas classes de tamanho para inferir sobre fatores e processos determinantes da organização florestal da Mata da Silvicultura. Para o estudo da fitossociologia da área foram utilizados os parâmetros de abundância obtidos a partir de 100 m2 de amostra subdividida em parcelas de 1 m2. A estrutura fitossociológica horizontal considerou todos os indivíduos com CAP menor que 10 cm ou com altura maior que 20 cm. Os aspectos dinâmicos foram avaliados por meio da distribuição de tamanhos individuais expressos pelos diâmetros à altura do solo em cada população amostrada. Foram amostrados 1.193 indivíduos de 109 espécies, pertencentes a 41 famílias botânicas, resultando em um índice de diversidade de Shannon (H ́) de 3,38 e equabilidade (J ́) de 0,72, valores considerados altos para a heterogeneidade do estrato herbáceo-arbustivo. As espécies mais importantes (VI) foram Piper lucaeanum, Psychotria conjugens, Olyra micrantha, Psychotria sessilis, Siparuna guianensis, Bambusa tuldoides, Ottonia leptostachya, Aparisthmium cordatum e Psychotria hastisepala. As famílias mais importantes (VI) foram Rubiaceae, Piperaceae, Poaceae, Monimiaceae, Leguminosae (Mimosoideae), Myrtaceae, Euphorbiaceae, Meliaceae, Lauraceae e Flacourtiaceae. Pela análise de distribuição de tamanhos foi levantada a hipótese de existirem dois grupos de espécies, segundo a estratégia que possuem de habitar o estrato herbáceo-arbustivo da Mata da Silvicultura. Um dos grupos seria formado pelas espécies que investem preferencialmente recursos energéticos no sistema caulinar e o outro, pelas espécies que investem recursos energéticos preferencialmente no sistema fotossintético.
Forest community studies traditionally investigate arboreal structure and composition. Herb-shrub layers have little or no importance in these works. Initial information on herb-shrub layers of Brazilian forests was provided as a complement to arboreal studies. However, herb-shrub layers have recently gained a central importance in some works. The main objective of this study was to describe the phytosociological structure of the Silvicultura forest’s herb-shrub layer to understand the synecological relations and study the populational dynamic processes involved. The phytosociological parameters used were obtained from 1 m2 split plots of 100 m2 samples. All individuals with less than 10cm PBH (perimeter at breast height) or over 20 cm were sampled. Dynamic processes were evaluated by using the size frequency distribution of sampled populations. The herb-shrub phytosociological structure consisted of 1193 individuals of 109 species of 41 families in samples of 100 m2. The Shannon diversity index (H ́) was equal to 3.38 nats/individual and the equability (J ́) was equal to 0.72, both showing high heterogeneity under herb-shrub conditions. The most important species (VI) were Piper lucaeanum, Psychotria conjugens, Olyra micrantha, Psychotria sessilis, Siparuna guianensis, Bambusa tuldoides, Ottonia leptostachya, Aparisthmium cordatum and Psychotria hastisepala. The most important (VI) families were Rubiaceae, Piperaceae, Poaceae, Monimiaceae, Leguminosae (Mimosoideae), Myrtaceae, Euphorbiaceae, Meliaceae, Lauraceae and Flacourtiaceae. The size frequency distribution analysis raised the hypothesis that there were two species groups, with different strategies. One group would consist of species allocating photosynthates preferentially to their photosynthetic system, and the other group of species allocating photosynthates preferentially to their trunks.