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A utilização de florestas plantadas tem sido preconizada como estratégia de restauração de áreas degradadas, uma vez que o sub-bosque destes povoamentos pode atuar como catalisador da regeneração de espécies nativas. Entretanto, a invasão de espécies exóticas agressivas pode inibir a regeneração natural no sub-bosque, pois estas monopolizam os recursos, atrasando ou mesmo redirecionando o processo de enriquecimento e substituição florística. Neste contexto, este estudo objetivou avaliar a abundância local de palmeiras exóticas no sub-bosque de uma floresta restaurada com Araucaria angustifolia, localizado no campus da UFV, em Viçosa, MG. Foram alocadas 40 parcelas de 2 x 2 m e mensurado o DNS de todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com altura igual ou superior a 0,5 m e DNS igual ou inferior a 5,0 cm. Foram calculados os parâmetros fitossociológicos e os índices de diversidade e equabilidade. Também foi realizada a classificação das espécies quanto à forma de vida, classe sucessional e síndrome de dispersão. Foram amostrados 980 indivíduos, conferindo uma alta densidade de plantas regenerantes. Esses pertenceram a 64 espécies, com maior porcentagem de arbustos em nível de indivíduos (79,1%) e de árvores em nível de espécies (35,9%). Além disso, houve maior proporção de espécies típicas de sub-bosque e de zoocóricas. A espécie com maior valor de importância foi Piper pubisubmarginalum (36,1), seguida de Piper lucaenum (33,1) e Archontophoenix cunninghamiana (30,5). A palmeira exótica A cunninghamiana apresentou a maior dominância, com 19,25% da área basal total, valor consideravelmente maior que o das demais espécies. Essa espécie é muito utilizada na arborização do campus da UFV de Viçosa, MG, e produz grande quantidade de frutos que atraem a avifauna da região, dispersando suas sementes para os fragmentos florestais mais próximos, sobretudo os trechos mais preservados. Os resultados indicam que A cunninghamiana se caracteriza como invasora da floresta em restauração, retardando ou mesmo inibindo a regeneração de espécies nativas, pois mesmo após 40 anos de restauração, o sub-bosque apresentou riqueza de espécies e diversidade menores que o encontrado em outros fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual, em Viçosa. Assim, faz-se necessária a elaboração de um plano de manejo visando à retirada dessa espécie-problema e outras intervenções, como a semeadura ou plantio de Euterpe edulis, no sentido de garantir o sucesso da restauração. |
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