Resumo:
Observatórios internacionais registraram, em 2013, a maior concentração já mensurada de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, chegando a 400 partes por milhão. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com esta elevada concentração de CO2, as mudanças na temperatura do Planeta poderão ser ainda mais drásticas. Os gases de efeito estufa (GEE) tem relação estreita com o aumento da temperatura e é consenso que as atividades antrópicas tem contribuído de forma significativa na elevação dos níveis destes gases. Dessa forma, foi discutido, em âmbito global e local, a necessidade de criação de ferramentas que possibilitem a mensuração, neutralização e redução de emissões de GEE. O governo brasileiro tem sido pioneiro na busca por iniciativas sustentáveis, como a criação da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e a adoção de metas voluntárias de redução de suas emissões. Dentre as iniciativas, merecem destaque o Programa GHG Protocol para inventário de emissões de GEE e o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que dentre vários objetivos, incentiva o financiamento de práticas agrícolas com baixa emissão de GEE. O processo de coleta de dados para inventários de GEE é trabalhoso e há a necessidade de ferramentas para cálculo do balanço de carbono em propriedades rurais para que o produtor conheça a sua realidade. Assim, neste trabalho, objetivou-se o desenvolvimento de indicadores para inventário de gases de efeito estufa da Semana do Fazendeiro da Universidade Federal de Viçosa e o aprimoramento de um sistema para cálculo do balanço de carbono em propriedades rurais. O estudo ocorreu na Universidade Federal de Viçosa (UFV), a qual criou o Carbono Zero, um projeto que realiza o inventário e neutralização dos GEE emitidos pelo evento Semana do Fazendeiro. Dentre as atividades executadas pelo Carbono Zero, uma delas é o cálculo do balanço de carbono dos produtores rurais que visitam o estande do projeto no evento. O sistema utiliza o software Microsoft Excel e determinados parâmetros são quantificados para cálculo das emissões, incremento e posterior balanço. Como resultado, verificou-se que a metodologia do sistema está em consonância com as orientações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e IPCC, e, foram propostas melhorias que o sistema ganhe ainda mais credibilidade. Também foi possível, a partir de dados históricos da neutralização da Semana do Fazendeiro, o desenvolvimento de uma função matemática para inventariar as emissões de GEE em eventos. Sendo assim, é possível concluir que o sistema criado para o cálculo do balanço de carbono em propriedades rurais atende às necessidades de produtores que queiram conhecer a emissão de sua propriedade e que a adoção de novas variáveis podem garantir ao sistema o uso contínuo. E, o cálculo de indicadores para a neutralização de eventos é uma iniciativa pioneira no Brasil, sendo portanto, possível o seu uso em eventos do mesmo padrão da Semana do Fazendeiro. Também se faz necessária a validação em um estudo e a aplicação de ferramentas estatísticas para aprimorar a função matemática.
