Resumo:
As áreas de ocorrência de vegetação campestre nativa, senso amplo, ocupam cerca de 40,5% da área do planeta. No Brasil, estas áreas são consideradas prioritárias para a conservação pelo Ministério do Meio Ambiente. Entretanto, no passado, estas áreas foram amplamente exploradas pelo homem, por atividades como a mineração, turismo e outros fins produtivos, causando impactos ambientais negativos que levaram a sua degradação em muitas regiões. Há poucos estudos sobre a biologia de áreas campestres brasileiras, sendo que ainda se discute qual a terminologia mais correta para se referenciar a este tipo de vegetação. Por estes motivos, este trabalho avaliou as principais pesquisas sobre a restauração ecológica em áreas campestres localizadas no bioma Cerrado, visando não só a discussão do tema, mas também uma contribuição acadêmica através da hierarquização de ações verificadas em pesquisas, a fim de auxiliar tanto os pesquisadores quanto aqueles que desejam iniciar a restauração em áreas ocupadas originalmente por campo nativo. Através da metodologia Analytic Hierarchy Process, foram hierarquizados os principais aspectos a serem considerados por restauradores ao optarem por recuperar áreas degradadas usando espécies típicas de vegetação campestre. O aspecto considerado como prioritário foi o potencial de estabelecimento das espécies em campo, seguido por propagação das espécies, a germinação das sementes, a fenologia das espécies, e, por último, estrutura da comunidade vegetal de referência. Além disso, foi feito um levantamento complementar na literatura acadêmica das espécies típicas de áreas de campo consideradas potenciais para a restauração ecológica. Fundamentadas na abordagem proposta, as espécies recomendadas são: As espécies Aristida gibbosa, Axonopus barbigerus, Axonopus canescens, Andropogon bicornes, Aristida setifolia, Diectiomis fastigiata, Paspalum gardnerianum, Paspalum polyphyllum, Paspalum reduncum, e Thrasya glaziovii, Andropogon leucostachyus, Setaria parviflora, Paspalum pectinatum, Paspalum splendens, Paspalum stellatum, Schizachyrium microstachyum, Paspalum pilosum, Aristida recurvata, Ctenium cirrhosum, Achyrocline satureioides, Andropogon selloanus e Aristida torta são, na ordem aqui apresentada, as mais indicadas para um restaurador que deseje recuperar áreas campestres degradadas presentes no bioma Cerrado.