Resumo:
A fragmentação florestal é um fenômeno associado com a expansão da fronteira agrícola, e tem recebido maior atenção ultimamente devido às elevadas taxas de desmatamento e seus conseqüentes efeitos em regiões tropicais (Viana et al., 1997). Grande parte dos remanescentes de floresta estão em propriedades privadas, e são geralmente muito vulneráveis a contínuos distúrbios, sendo de maneira geral, pequenos, isolados e perturbados. Existem evidências crescentes de que estes fragmentos não são auto-sustentáveis e requerem não apenas a proteção contra perturbações antrópicas, mas também um manejo ativo para conservar suas populações ameaçadas de extinção (Viana, 1995). Os fragmentos florestais representam um mosaico de eco-unidades em distintos estados de conservação e sucessão. Para o estudo de fragmentos florestais foram identificadas quatro eco-unidades: capoeira baixa, capoeira alta, bambuzal e mata madura. O levantamento da proporção de eco-unidades nos fragmentos auxilia o diagnóstico do fragmento e as prioridades de manejo para sua recuperação. As práticas de recuperação de fragmentos florestais visam facilitar os processos da sucessão natural, restabelecendo a estrutura e composição da floresta através da regeneração natural. Os sistemas agroflorestais (SAFs) são sistemas de uso da terra em que plantas de espécies agrícolas são combinadas com espécies arbóreas sobre a mesma unidade de manejo da terra. Existem entre as plantas interações ecológicas e econômicas, podendo-se combiná-las de forma complementar e sinérgica. A maioria dos trabalhos científicos e práticos com sistemas agroflorestais são sistemas agrícolas de produção, onde se objetiva um rendimento contínuo e sustentável. No caso deste trabalho, o sistema agroflorestal é utilizado como uma técnica para a recuperação de fragmentos, onde o objetivo não é a produção contínua de produtos agrícolas, mas sim a produção nos primeiros anos de implantação do projeto de recuperação para viabilizá-lo economicamente. A comparação com o ecossistema natural local é útil para o planejamento de agroflorestas, visando maior durabilidade, e o critério pode ser a arquitetura e a dinâmica de crescimento da floresta nativa e da agrofloresta (Oldeman, 1983).