Neste trabalho, objetivou-se analisar a dinâmica da decomposição do folhedo em um reflorestamento ciliar no alto São Francisco, MG, de forma comparada a uma floresta ciliar nativa, para testar a hipótese de que a decomposição é dependente da estrutura e da composição florística da vegetação. A taxa de decomposição foi medida pela perda mensal de massa foliar armazenada em 12 “litterbags” de 20 x 20 cm, contendo 5 gramas de folhedo recém-caído e seco, distribuídos aleatoriamente nos dois trechos de vegetação e retirados mensalmente. A cinética da perda de massa foi mais rápida na mata nativa, com um T50% em 5 meses após o início do experimento (02/2002), em detrimento do reflorestamento, cuja perda foi de somente 30% do valor inicial no período. Tal fato parece refletir a estrutura e composição em espécies dos trechos de vegetação e o clima local, uma vez que a mata nativa, cujo dossel é mais fechado, apresentou menor luminosidade, resultando em maior umidade e temperatura constantemente amena em seu interior, o que pode ter favorecido a proliferação de microorganismos decompositores, além da composição florística discrepante, uma vez que o reflorestamento apresentou menor diversidade de espécies, com o predomínio de Bauhinia variegata L., frente à maior diversidade da mata nativa. Além disso, o fragmento de mata ciliar nativo apresentou teores de matéria orgânica no folhedo maiores que no trecho reflorestado, o que pode ter contribuído para uma decomposição mais rápida.
This work analyzed the litter decomposition rates registered in riparian native and reforested forest fragments, to test the hypothesis that the decomposition is dependent on the structural and the floristic composition of the vegetation. The work was carried out in the upper São Francisco River Basin from September 2001 to August 2002. The decomposition rate was measured by quantifying the monthly mass loss of 12 litterbags (20 x 20 cm) containing five grams of dry leaf in each one and located randomly in the two fragments analyzed. Mass loss kinetics was faster in the native forest, reaching the T50% in 5 months (02/2002) while loss in the reforested area was 30% during the same period. This could be reflecting the successional stage characteristic of each fragment and the local climate since the conditions at the native forest (close canopy, less luminosity, higher humidity and cooler constant temperatures) favor the proliferation of microorganisms. This can also be due to differences in floristic composition since the reforested area presents reduced species diversity, with a dominance of Bauhinia variegata L. In addition, the native riparian forest fragment presented higher levels of organic matter content which could contribute to accelerate the litter decomposition rates in this fragment.