Entre os princípios estabelecidos pela Sociedade Internacional para Restauração Ecológica - Society for Ecological Restoration International – SER, consta que o uso de espécies exóticas para fins de restauração deve ser evitado, e isso é delineado nos dois primeiros atributos esperados de um ecossistema restaurado pelo SER Primer. Essa recomendação é provavelmente baseada na hipótese de que as espécies exóticas dominarão comunidades em restauração e prejudicarão a biodiversidade local. Nós avaliamos a comunidade atual de plantas em uma área de Cerrado em restauração, onde 42 espécies – 6 nativas e 36 não nativas – foram plantadas, e comparamos com comunidade nativa adjacente. Nós visamos verificar se a comunidade nativa adjacente foi invadida pelas exóticas, e se essas espécies tendem a dominar a comunidade em restauração, que seria então distinta da flora nativa. Oito anos após o plantio, não detectamos a presença das espécies exóticas no ecossistema natural adjacente. Na comunidade em restauração, mesmo sendo exóticas 94% das árvores plantadas (86% das espécies), apenas 3% das plantas regenerantes (14% das espécies) pertencem a espécies não nativas, indicando que a similaridade florística tende a aumentar ao longo do tempo. Consideramos que as espécies não nativas utilizadas neste projeto não estão oferecendo perigo aos ecossistemas naturais situados nas proximidades e que, em longo prazo, espécies nativas dominarão o ecossistema em restauração. No entanto, recomendamos que políticas públicas priorizem e viabilizem o uso de espécies nativas do Cerrado, melhor adaptadas para a restauração deste ecossistema.
Among the principles established by the Society for Ecological Restoration International – SER is that the use of exotic species for restoration purposes should be avoided, and this is outlined on the two first attributes expected of a restored ecosystem by the SER Primer. This recommendation is possibly based on the hypothesis that exotics will dominate the restored communities and jeopardize the local biodiversity. We assessed the current plant community in an area of the Brazilian Cerrado undergoing restoration, where 42 species – 6 natives and 36 non-natives – were planted, and compared it with the contiguous native community. We aimed at verifying if the surrounding native community has been invaded by alien species, and if the community being restored has been dominated by the latter, not resembling the native flora. Eight years after planting, the alien species were not recorded in the surrounding native ecosystem. In the community undergoing restoration, despite 94% of the planted trees being exotics (86% of the species) they corresponded to only 3% of plants regenerating (14% of the species), indicating that floristic similarity with the native vegetation is increasing over time. We consider that the non-native species planted do not offer threat to the native ecosystems in the vicinity, and tend to be defeated by the natives in the long term. Even though, public policies should prioritize and make feasible the use of native species, better adapted to the harsh environmental conditions of the Cerrado.