A morfo-anatomia foliar é uma importante ferramenta para estudos de fitocomunidades, sendo interpretada como um indicador das condições ambientais, pois as folhas que se desenvolvem em uma mesma comunidade sofrem juntamente pressões seletivas do ambiente, gerando um alto grau de similaridade entre as espécies. Foram selecionadas 57 espécies pertencentes a 32 famílias, pelo critério de Valor de Importância em estudo fitossociológico prévio no remanescente de Floresta Ombrófila Mista, em Curitiba, PR. Trinta folhas, entre 3o e 5o nós, no sentido ápice-base, de três indivíduos, por espécie, foram coletadas. As espécies foram classificadas em quatro estratos, e as folhas foram classificadas morfologicamente quanto ao tipo e forma da lâmina, forma do ápice e da base, tipo de margem, venação, textura e simetria da folha. Os seguintes atributos quantitativos morfológicos e anatômicos foram analisados: área, tamanho e massa seca foliar; área foliar específica (AFE); densidade estomática; espessura total da lâmina foliar; espessuras da epiderme e dos parênquimas paliçádico e esponjoso. O padrão morfológico encontrado corresponde a folhas simples, simétricas com forma elíptica, margem inteira, ápice acuminado, micrófilas, com área foliar média de 16,52 cm2, e AFE média de 109,79 cm2. g-1. A densidade estomática média foi de 352,30 estômatos. mm-2, enquanto que a espessura total média da lâmina foi de 182,71 μm. Os valores médios das espessuras dos parênquimas paliçádico e esponjoso foram 54,08 e 96,82 μm, respectivamente, e a razão entre eles foi de 1,9. Todas as espécies apresentaram folhas pouco espessas (<200 μm) e com alta AFE indicando mesofilia, característica de florestas ombrófilas. Na análise morfo-anatômica por estrato, observou-se que poucas características variaram em relação ao padrão geral. A espécie do dossel tende a apresentar mais características escleromorfas em relação aos outros estratos, enquanto que as espécies que ocupam os estratos mais inferiores tendem à mesofilia. Essas características parecem estar associadas às condições ambientais como alta pluviosidade e temperaturas mais baixas ocorrentes na área. A baixa intensidade luminosa também parece ser determinante da morfo- anatomia foliar, principalmente para as espécies de sub-bosque.
The leaf morphology and anatomy is an important tool for studies of plant communities, being interpreted as an indicator of environmental conditions. Leaves developing in the same community are under selective pressures of environment, having a high degree of similarity between species independent of their phylogenetic relationships. We selected 57 species belonging to 31 families; the criteria used was Value of Importance Index based on previous phytosociological studies in remnant of Araucaria Forest, Curitiba, PR, Brazil. Thirty leaves were collected from three individuals of each species, located between 3o and 5o knots, from de apex to the base. The leaves were classified morphologically on the type of lamina and leaf shape, shape of apex and base, type of margin, venation pattern, leaf texture and symmetry. The following quantitative morphological and anatomical attributes were analyzed: leaf area, leaf size, dry mass, specific leaf area, stomata density, total thickness of lamina, thickness of epidermis, palisade and spongy parenchymas. The species were classified into four strata, according to their heights, and each of them was analyzed according to those attributes. The predominant morphology was leaves with entire margin, acuminate apex and microphyllous. The mean value for leaf area was 16.52 cm2 and for specific leaf area (SLA) was 109.79 cm2.g-1. The average stomata density was 352.30 stomata.mm-2, while the total average thickness of the lamina was 182.71 μm. The average values of the thickness of palisade and spongy parenchymas were 54.08 and 96.82 μm, respectively, and the ratio between them was 1.9. All species have hypostomatic leaves except Araucaria angustifolia that has amphistomatic leaves. All species have thin leaves (<200 μm) and high SLA, indicating mesophyll pattern characteristic of rain forests. In morphological and anatomical analysis by stratum, it was observed that few characteristics varied from general pattern. The canopy species are more sclerophyllous than those of inferior strata, wich have a tendency to mesophylly. These characteristics seem to be linked to environmental conditions such as high rainfall and relatively low temperature occurring in the area. The low light intensity also appears to be determinant of leaf morphology and anatomy, especially for understorey species.