Estudos sobre os efeitos da fragmentação florestal sobre a estrutura genética de determinadas espécies são importantes para o planejamento de estratégias de conservação genética, já que elas indicam o comportamento genético de outras espécies com características ecológicas semelhantes. Esenbeckia leiocarpa é uma espécie arbórea tropical autocórica e miofílica da família das Rutáceas que ocorre em uma distribuição agregada na floresta latifoliada semidecídua, com várias subpopulações constituindo uma população de um fragmento florestal. Tecidos foliares de indivíduos de duas subpopulações de um fragmento florestal de 2.178 hectares e de duas subpopulações de um fragmento de 76 hectares foram analisadas pela técnica de eletroforese de isoenzimas horizontal, em meio suporte de gel de amido. Os locos avaliados segregaram de um a quatro alelos: Pgm-1, Idh-1 e Mdh-2 foram monomórficos para ambos adultos e progênies; 6Pgdh-2, Skdh-1, Mdh-1, Mdh-3, Mdh-4, Pgi-2, Est-1 e Prx-1 foram polimórficos para as progênies e Mdh-1, Mdh-3, Pgi-2, Est-1 e Prx-1 foram polimórficos nos adultos. A heterozigosidade média observada (Ho) e esperada segundo expectativas do equilíbrio de Hardy-Weinberg ( He ), não foram significativamente diferentes entre si. Os valores f e F obtidos, sugerem que as populações se encontram em equilíbrio de Hardy-Weinberg. A divergência genética entre populações ( 0p ) foi de 12,1% para os indivíduos adultos e 8,7% paras as progênies, mostrando diferenças entre as populações. Igualmente, as freqüências alélicas revelaram diferenças e alelos exclusivos entre as populações. Os níveis de fixação de alelos e o fluxo gênico foram maiores no menor fragmento, sugerindo maior homogeneidade entre as subpopulações. A análise hierárquica da distribuição da variação genética entre e dentro das populações e subpopulações mostrou que a maior parte da variabilidade genética da espécie encontra-se dentro das subpopulações. Estes resultados indicam que E. leiocarpa apresenta menor variabilidade genética em fragmentos menores em relação a fragmentos maiores, sendo necessário, para a sua conservação genética in situ, áreas naturais que abriguem um número grande de subpopulações. Estes resultados confirmam que grandes áreas naturais são necessárias para a conservação genética in situ da diversidade arbórea tropical.
Studies of forest fragmentation effects upon the genetic structure of selected species are important for planning genetic conservation strategies. They can indicate the genetic behavior of species with similar ecological characteristics. Esenbeckia leiocarpa is a myophilic and autochoric Rutaceae tropical tree species occurring in an aggregated distribution in Tropical Moist Seazonal Brazilian Atlantic Forest, with several subpopulations constituting a forest fragment population. Leaf tissues of individuals from two subpopulation from a 2178 hectares forest fragment and two subpopulations from a 76 hectares forest fragment were analysed in alozymes horizontal electrophoresis in corn starch gel support. A1 the loci showing from 1 to 4 alleles. The loci Pgm-1, Idh-1 and Mdh-2 were monomorphic. Skdh-1, 6Pgdh-2, Mdh-1, Mdh-3, Mdh-4, Est-1, Prx-1 and Pgi- 2 loci were polymorphic. The average of observed heterozigosity (Ho) and expected heterozigosity ( He ) were not statistically signifficant. The f and F values, suggested that the populations are in Hardy-Weinberg equilibrium. The genetic diversity among populations ( 0p ) was 12.1% for adult individuals and 8.7% for the progenies showing diferences among populations. The allele frequencies of subpopulations from the larger fragment showed greater differences than those from the smaller fragment. Allele fixation levels were more homogenous in the smaller fragment subpopulation. The gene flow was the hight among subpopulations in Ibicatu fragment. Hierarquical analysis of genetic distribution within and among populations and subpopulations showed that the major part of genetic variability of species is maintained within subpopulations. These results suggest that this species had modified its natural genetic structure in small forest fragments, showing the necessity of maintaining natural areas for in situ genetic conservation of the species and confirming the necessity of maintainig large natural areas for conservation of tropical tree genetic diversity.