Histórico e Objetivos: Ocotea porosa (Lauraceae), conhecida popularmente como Imbuia, foi maciçamente explorada nas ultimas décadas devido à qualidade de sua madeira. Atualmente as populações apresentam tamanhos muito reduzidos, o que causou a inclusão da espécie na Lista Vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (International Union for Nature Conservation). Neste cenário, o conhecimento da ecologia reprodutiva da espécie é importante para a elaboração de estratégias de conservação e manejo. Métodos: A morfologia floral foi descrita por meio de observações diretas em campo e microscopia eletrônica de varredura. O sistema reprodutivo foi determinado através de polinizações controladas e acompanhamento do crescimento dos tubos polínicos. Os polinizadores foram determinados por observações focais em campo. Principais resultados: Ocotea porosa compartilha características morfológicas florais com outras espécies de angiospermas basais polinizadas por pequenos insetos como coleópteros e tripes: flores pequenas, rasas, inconspícuas e agrupadas em inflorescência. As flores são monoclinas e trímeras, com simetria actinomorfa. A espécie apresentou autocompatibilidade, mas não se reproduziu por apomixia ou autopolinização espontânea. A autogamia é evitada pela ocorrência de protoginia. A única espécie de polinizador registrada, Frankliniella gardenia (Thysanoptera), ao visitar várias flores de uma mesma inflorescência, favorece a geitonogamia. Conclusões: Ocotea porosa possui características reprodutivas que indicam a necessidade de polinização biótica. Suas características florais são encontradas em Angiospermas basais polinizadas por pequenos insetos, como o tripes Frankliniella gardenia, o único polinizador observado. O pequeno alcance de vôo de tripes entre as plantas associada à redução da densidade local das populações de O. porosa pode ter reduzido as chances de polinização cruzada para a espécie. Isto poderia explicar o predomínio de autogamia encontrado em estudos no sul do Brasil, o que, em longo prazo, pode alterar a estrutura genética das populações, reduzir a diversidade genética e, eventualmente, levar ao declínio das populações. A ineficiência na capacidade de deslocamento de tripes, associada à autocompatibilidade da maioria das espécies monóicas onde são encontrados, pode ser um indicativo de que este é um polinizador eficiente apenas em sistemas autogâmicos ou em populações de espécies com alta densidade e distribuição agregada.
Background and aims: Ocotea porosa (Lauraceae) has been intensely logged in the last decades due to the quality of its wood. The populations of O. porosa were so reduced that the species is now considered as threatened on the Red List of IUCN (International Union for Nature Conservation). Under this scenario, the knowledge of its reproductive biology is important for the elaboration of conservation and management strategies. Methods: Flower morphology was described through direct observation in field, and scanning electron microscopy. Breeding system was defined by controlled pollinations and pollen tube growth. Pollinators were identified by field observations. Key results: Ocotea porosa shares characteristics of flower morphology with other basal angiosperms pollinated by small insects as coleopterans and thrips: small, shallow and inconspicuous flowers, disposed in inflorescences. The flowers are hermaphrodite, trimerous and actinomorphous.. The species is self-compatible, and does not reproduce through apomixis and spontaneous self-pollination. Autogamy is avoided by protogyny. The only pollinating species, Frankliniella gardenia (Thysanoptera), may promote geitonogamy as it visits many flowers in the same inflorescence. Conclusions: Ocotea porosa has reproductive characteristics which require biotic pollination. Its floral characteristics are found among basal angiosperms pollinated by small insects, as the thrips Frankliniella gardenia, the only observed pollinator. The low flight ability of thrips among plants associated to the reduction of local plant density may have reduced the chances of crossing. This may explain the predominance of autogamy found in studies in south Brazil, which may change the genetic structure of populations, reduce the genetic diversity and, occasionally, lead to population decline. The inefficiency in the ability to shift from thrips, associated with self-compatibility of most monoecious species where they are found, may be an indication that this is an efficient pollinator only in systems self-compatibles or in populations of species with density high and aggregate distribution.