As cianobactérias produzem uma grande diversidade de compostos biológicos de interesse econômico-industrial, referidos genericamente como “substâncias bioativas”, uma expressão ampla que inclui substâncias capazes de, em baixas concentrações, afetar processos metabólicos vitais de outros organismos. Recentemente, uma nova espécie de cianobactéria, Brasilonema octagenarum UFV- E1 foi identificada, em viveiro de produção de mudas clonais, formando um biofilme denso sobre a parte aérea de plantas jovens de Eucalyptus spp. O objetivo deste trabalho foi investigar as conseqüências da colonização por B. octagenarum sobre plantas jovens de Eucalyptus urograndis, sendo analisados aspectos morfológicos, bioquímicos, e de crescimento. Os experimentos foram realizados sob condições de umidade e temperatura controladas. Suspensão celular de B. octagenarum foi aplicada sobre a parte aérea de plantas jovens e o controle consistiu de plantas não inoculadas. Decorridos trinta dias após a inoculação, observou-se a formação de colônias dispersas sobre o limbo foliar. Nas áreas colonizadas, houve diminuição na relação clorofila a / b em 19% em relação ao controle. Não houve diferença significativa no conteúdo dos pigmentos (clorofila a, b e carotenos). Dentre os parâmetros biométricos avaliados (massa seca de folhas, caule e raiz, área foliar e altura do caule) ficou evidente o aumento de massa seca de raiz e de caule em relação ao controle (19 e 23%, respectivamente). Não foram observadas alterações anatômicas, ou a produção de compostos fenólicos totais. B. octagenarum colonizou as folhas das plantas, numa relação de epifitismo, sem ocasionar efeitos prejudiciais, durante o período de avaliação deste estudo, em que foram observados os estágios iniciais da colonização. As plantas responderam positivamente à colonização, com maior produção de massa seca, principalmente de caule e de raiz. Diante deste estímulo no crescimento, semelhante ao tratamento com auxinas, investigou-se a produção de substâncias bioativas por B. octagenarum, através de bioensaio e a influência da colonização por esta espécie de cianobactéria no enraizamento de mini-estacas de E. urophylla e E. urograndis. O extrato de células de B. octagenarum foi analisado em cromatógrafo líquido acoplado em espectrômetro de massa, LC-MS/MS. Mini-estacas de E. urophylla e E. urograndis foram inoculadas com suspensão celular de B. octagenarum. Houve aumento de massa seca de raízes, em 31% e de caule (44%) na espécie E. urophylla. Através da análise em LC-MS/MS, identificou-se o ácido indol acético (AIA), com 175 Da. A colonização por B. octagenarum em Eucalyptus urograndis, sob as condições adotadas neste estudo, estimulou o crescimento das plantas, possivelmente, em resposta à produção do AIA. Foi demonstrado que B. octagenarum produz a auxina ácido indol acético e que essa cianobactéria possui potencial para ser utilizada no desenvolvimento de técnicas de propagação vegetativa em culturas de eucalipto.
Cyanobacteria produces a wide variety of biological compounds of economic-industrial interest, often referred to as bioactive molecules”. This is a broad term thatinclude substances, which at low concentrations, are able to affect vital metabolic processes. Recently, a new species of cyanobacteria, Brasilonema octagenarum UFV- E1, was identified. The cyanobacteria was found forming a dense biofilm covering the aerial parts of young plants of Eucalyptus spp on a clonal plant nursery. The aim of this study was to investigate the consequences of B. octagenarum colonization, on morphological, biochemical, and growth traits of young plants of Eucalyptus urograndis. The experiments were carried out under humidity and temperature controlled conditions. A cellular suspension of B. octagenarum was applied over the aerial parts of young plants. The control group consisted of non inoculated plants. Thirty days after the inoculation, the formation of scattered colonies over the leaf was observed. There was a decrease of 19% in the chlorophyll a / b ratio in the leaf areas beneath the colonies. There was no significant difference in the content of pigments (chlorophyll a, b and carotenoids). The plants responded positively to the colonization, with increase of dry mass production, mainly of the stem and root. The increase of the root and stem dry mass of colonized plants were significantly higher compared to the control group (19 and 23%, respectively). Neither anatomic alterations nor an increase in the production of total phenolic compounds were observed. During the duration period of the experiment, which compromised the initial stages of colonization, B. octagenarum colonized the aerial part of the plant without damaging it, establishing an epiphytism relation. The effects of bioactive compounds by B. octagenarum, as stimuli to plant growth, such auxin, was tested by means of a bioassay, and the influence of this cyanobacteria species colonization on rooting process of E. urophylla and E. urograndis mini-cuttings was investigated. The extract of B. octagenarum cells was analyzed in liquid chromatography coupled to mass spectrometer, LC-MS/MS. Mini- cuttings of E. urophylla and E. urograndis were inoculated with a concentrated solution of B. octagenarum cells. There was a significant increase in dry mass in the roots (31%), and in the stem (44%) in the E. urophylla. Throught the LC-MS/MS analyses, indol acetic acid (IAA) was identified, has 175 Da. The colonization of B. octagenarum in Eucalyptus urograndis, under the conditions of this study, stimulated the growth of plants, possibly in response to the IAA production. It was demonstrated that B. octagenarum produces the auxin indol acetic acid, and that this cyanobacteria has the potential to be used in developing techniques of vegetative propagation of eucalyptus plants.