Resumo:
O experimento foi conduzido, em condições de campo, com objetivo de estudar o efeito do uso do efluente da agroindústria do dendê, como adubo orgânico, sobre o valor do pH e dos teores de P, K, Ca + Mg e AI trocáveis, de um Latossolo Amarelo állco, textura média. O efluente de dendê, produzido na razão de 0,6 m3 (Studies ... 1984) de efluente/tonelada de cachos processados, acumula-se em lagoas a céu aberto, construídas pelas fábricas, tornando uma ameaça permanente a poluição ambiental. Neste trabalho, utilizou-se um dendezal com 7 anos de idade, na agroindústria Palmasa S/A, em Igarapé-Açu, nordeste paraense. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, em parcelas sub-divididas, com quatro repetições. Os tratamentos foram aplicações mensais, em parcelas de 6 m x 2 m, das doses de O; 60; 120; 180 e 240 m3/ha do efluente, coletado diretamente das lagoas de fermentação. As amostras do solo foram coletadas no início do experimento e aos 6, 12 e 18 meses após a aplicação do resíduo, a 20 cm, 40 cm e 60 cm de profundidade. A aplicação do efluente causou variações nas propriedades químicas do solo, observando-se que os teores de Ca + Mg e do K trocáveis tenderam a aumentar, em relação à testemunha, com o aumento das doses, principalmente na profundidade de 0 cm a 20 cm. Para os teores de Ca + Mg, os maiores acréscimos ocorreram com a aplicação de 180 m3/ha do efluente, com aumentos de até 110%, em relação à dose O, nessa profundidade, para todas as amostragens realizadas durante o período do experimento. Com relação ao K, os maiores acréscimos ocorreram na profundidade de 0 cm a 20 cm, para todos os tratamentos. Após 18 meses, verificou-se acentuado aumento nesses teores, nas profundidades cm, principalmente, de 20 a 40 cm e 40 a 60 cm nas doses mais elevadas. Quanto ao AI trocável, observou-se redução do seu teor em todas as profundidades de 120 m3/ha, já aos 12 meses, foi suficiente ao longo do tempo. A dose de 120 m3/ha, já aos 12 meses, foi suficiente para reduzi-Io a zero, na profundidade de 20 cm. Até 40 cm, foram necessários 240 m3/ha do efluente para que o AI chegasse a zero. Aos 18 meses, porém, nem mesmo essa dose foi suficiente para neutralizar totalmente o elemento, a 60 cm. Essas variações ocorreram, também, para os valores do pH que, já na dose de 60 m3/ha passou de 4,9, antes da aplicação, para 5,6 aos 18 meses, nos primeiros 20 cm. Nessa profundidade, a maior variação foi com a dose mais elevada, passando de 4,8, sem o efluente, para 6,0, com adição de 240 m3/ha, aos 18 meses. Esse aumento foi observado, também, nas maiores profundidades e, até 40 cm, o pH passou de 5,1 para 6,0 na dose mais elevada do efluente, enquanto na profundidade de 60 cm, o maior aumento ocorreu com aplicação de 180 m /ha, passando de 5,2 3 para 5,9, aos 18 meses. Quanto ao P, o efeito do efluente foi observado apenas nos primeiros 20 em, tornando-se mais acentuado com o aumento das doses. Esse teor, que era inicialmente de 2 mg/kg, passou para 34 mg/dm3, aos 12 meses, com adição de 180 m3/ha chegando, aos 18 meses, a 44 mg/kg, com aplicação de 240 m3/ha. Com base nesses resultados, pode-se concluir que, por suas características, o efluente da agroindústria do dendê pode ser utilizado como um adubo orgânico, pois sua aplicação, nas doses adequadas, causa mudanças benéficas nas propriedades químicas do solo, proporcionando acentuada melhoria da fertilidade.