Resumo:
Apesar da importância cultural, econômica e social do extrativismo do açaí na Região Amazônica, são desconhecidas as principais características socioeconômicas dos extrativistas locais. Neste trabalho, através de estudos de campo, objetivou-se caracterizar o produtor de açaí no Estado do Amapá, na região do Estuário do Rio Amazonas. Para a consecução desse objetivo e garantir o maior envolvimento dos atores sociais locais, utilizou-se instrumentos de coleta participativa de dados, como painéis temáticos. Com o propósito de enriquecer os dados dos painéis temáticos, e ampliar o universo de variáveis, foram aplicados, junto a produtores selecionados ao acaso, questionários previamente testados na área da pesquisa. Os aspectos selecionados abordam, principalmente, as características do produtor e do conjunto da unidade familiar, formação da renda e comercialização. Concluiu-se que a renda das famílias tem uma forte dependência do extrativismo, centrado na exploração dos açaizais, na retirada de madeira e na pesca, correspondendo a 67,54% da renda bruta familiar. Dentre essas atividades destaca-se a produção de açaí, representando 48,02% dessa renda. As famílias compõem-se de 6 pessoas em média, e os chefes de família têm muitos anos de convivência com a realidade extrativista local. O índice de analfabetismo do segmento da população representado pelas pessoas acima de 14 anos é elevado, fato que, presumivelmente, compromete ou comprometerá o estado de convivência com uma nova realidade de exploração dos açaizais que, necessariamente, exigirá a apreensão de novas tecnologias. Essa situação será amenizada no futuro, pois 98,5% da população em idade escolar freqüenta escola de ensino regular. Com relação à posse de bens, é significativo o percentual dos produtores que possuem barco a motor, veículo que, além de representar um considerável acúmulo de renda, é de fundamental importância no escoamento da produção e no atendimento de outras necessidades do grupo familiar.