Estudos de longo prazo sobre as mudanças temporais em florestas tropicais são importantes para a distinção entre processos dinâmicos naturais e os causados por distúrbios antrópicos. Com o objetivo de avaliar as variações das comunidades arbóreas, tanto na dimensão espacial como na temporal, foram amostrados 16 fragmentos de floresta estacional semidecidual na região do Alto Rio Grande, os quais foram inventariados em duas ocasiões, entre os anos de 1999 e 2008. No primeiro inventário, foram amostrados todos os indivíduos arbóreos vivos com DAP 5cm e, no segundo período, foram utilizados os mesmos critérios, tendo os novos indivíduos que atingiram o critério de inclusão (recrutas) sido marcados e medidos, além de serem registrados os mortos e sobreviventes. Devido à alta diferenciação ambiental, três áreas foram subdivididas, resultando em 19 areas. A dinâmica das comunidades foi expressa tanto em demografia como em biomassa. Foram extraídas, ainda, informações sobre variáveis ambientais de cada unidade amostral (estrutural, nutricional, água no solo e histórico de distúrbios). Foram verificadas as tendências considerando dois critérios de inclusão; DAP 5cm e DAP 10cm, no intuito de verificar se os padrões comunitários sofrem influência do sub-bosque. De modo geral, não houve divergências substanciais entre os dois critérios analisados. Os modelos preditores da dinâmica florestal não foram capazes de detectar a influência das variáveis ambientais quando estes foram gerados para o primeiro critério. A tendência predominante entre os fragmentos do Alto Rio Grande foi de um processo de construção inicial tendendo a tardio, nos fragmentos mais protegidos. Este processo de (re)construção da floresta foi mais acelerado em solos de maior fertilidade. Outro fator é a estrutura pretérita da floresta, que regula a estrutura futura da mesma. Portanto, a dinâmica de comunidades arbóreas parece ser primariamente relacionada com a própria estrutura da floresta, os impactos passados e o status nutricional dos solos.
Long-term studies on temporal changes of tropical forests are important for distinguishing natural dynamic processes from those caused by man-made disturbance. With the purpose of assessing tree community variations along both spatial and temporal dimensions, 16 fragments of tropical semideciduous forests of the Upper Rio Grande Region, SE Brazil, were repeatedly surveyed between 1999 and 2008. The first survey registered all live individual trees with dbh 5 cm, measured their dbh and tagged them, and the second survey adopted the same procedure to include trees that surpassed the minimum dbh (recruits), re- measure surviving trees and register dead trees. Due to marked environmental differentiation, three areas were subdivided, resulting in 19 areas. Tree community dynamics was expressed as both demography and biomass. Additional information was also extracted for sample units (forest structure, soil moisture and fertility status, and disturbance history). Dynamics trends were examined for two inclusion criteria; dbh 5 cm and dbh 10 cm, with the purpose of assessing whether community patterns are biased by understory trees. Generally speaking, there was no substantial difference between the two criteria. Predictive models of forest dynamics were not able to detect the influence of environmental variables for the first criteria. The overall trend for the Upper Rio Grande fragments was the predominance of early forest building phases with some later building phases, in more protected areas. This (re)building process was more accelerated on soils of higher fertility. Another relevant factor is the influence of past forest structure on the future structure. The dynamics of tree community was therefore primarily related to forest structure, past disturbance history and soil nutritional status.