Foi avaliado o manejo do óleo-resina de Copaifera spp. realizado pelas etnias Arara e Gavião em três
aldeias na Terra Indígena Igarapé Lourdes (RO). A identificação das espécies, quantificação da
densidade dos indivíduos potencialmente produtivos, categorização físico-química dos óleos-resina,
além da determinação da freqüência e da produção de indivíduos das diferentes espécies foram as
variáveis analisadas neste estudo. Copaifera multijuga (copaíba mari-mari), com 3,6 indivíduos
potencialmente produtivos por hectare e C. piresii (copaíba angelim-vermelho), com 1,4 por hectare, são
as espécies predominantes; há ainda o morfotipo copaíba angelim-branco (Copaifera sp) que não foi
identificado. A análise físico-química revelou diferenças expressivas: o óleo-resina de Copaifera
multijuga é mais liquido, claro, menos ácido e saponificável que Copaifera sp., que é mais turvo,
espesso, ácido e saponificado; C. piresii apresentou características intermédias. As práticas adotadas para
a coleta, após oito anos de extração com a finalidade econômica, demonstram que a totalidade das
árvores manejadas amostradas foram corretamente furadas com auxílio de trados, entretanto, 33
indivíduos não tiveram os orifícios fechados, o que propiciou a entrada e o ataque massivo de térmitas.
Aqueles fechados com tornos tiveram relação direta com a presença moderada de cupins. Em relação à
freqüência de árvores produtivas verificou-se que as re-exploradas tiveram padrões semelhantes àquelas
virgens, provavelmente explicados pela não exaustão do óleo-resina nas práticas de coleta,
permanecendo abertas em média 30 minutos. As quantidades liberadas por espécie indicam diferenças
significativas entre as produções de C.multijuga e C.piresii, sendo que a primeira produziu mais óleo nas
extrações secundárias e a segunda teve maior produção de árvores intactas. Aparentemente, as árvores de
C. piresii conseguem acumular maiores quantidades de óleo-resina em seu interior por serem maiores,
enquanto aquelas de C. multijuga têm produções iniciais menos expressivas. Em árvores re-exploradas,
C.multijuga parece ter maior resiliência, ou seja, maior capacidade de recomposição de óleo-resina, e
assim, maior continuidade de produção. Por outro lado, indivíduos de C.piresii têm produções
subseqüentes menores. Os diâmetros ideais para coleta variaram de 63 a 72,9 cm, enquanto as árvores
menos produtivas possuem os menores DAPs, demonstrando que o tamanho da árvore é uma variável de
destaque para o sucesso na coleta.
This study dealt with the evaluation of management for oil-resin production of three species of
Copaifera. The evaluated management techniques have been practiced for many years in the indigenous
reservation “Igarapé Lourdes” in Rondônia by the ethnic groups Arara and Gavião. Several surveys were
carried out to determine: species identification, number of potentially productive individuals, and
physicochemical oil-resin characterization in addition to the abundance and productions of different
Copaifera species. The abundance of potentially productive Copaifera multijuga (copaíba mari-mari)
averaged 3.6 individuals per hectare, and C. piresii (copaíba angelim-vermelho) averaged 1.4 per
hectare. Another Copaifera, which is popularly known as copaíba angelim-branco was also included in
this study. In terms of physicochemical characteristics of the oil-resin, the species of Copaifera presented
the following differences: C. multijuga is more fluid, bright, less acid and saponifiable than Copaifera
sp., which is dark, thick, acid and saponificated; C. piresii presented intermediate characteristics. The
oil-resin extraction techniques adopted during the past eight years for economical purposes have shown
that all managed trees were correctly perforated using manual drills. However, holes of 33 individuals
were not properly sealed; therefore, the invasion by termites was facilitated. In those holes properly
sealed the presence of termites was moderate. The number of productive trees was quite similar in both
oil-resin extraction occasions, i.e., there is no difference between the first and subsequent extractions;
maybe the good practices for extraction could be the main reason for this fact. The production rates were
significantly different between C. multijuga and C. piresii; for trees in the first extraction C. piresii
performed better than C. multijuga, and in the second extraction occasion, the performance was just
inverted. This result indicates that C. piresii trees can accumulate more oil-resin in their interior, which
could be an artifact due to their diameters that are larger than those of C. multijuga. In the second or
subsequent extraction occasion C. multijuga presented good performance in refilling the stem with oil-
resin, which helps to maintain a uniform production of the species. On the other hand, individuals of
C.piresii have presented lower production rates over time. The best performance in terms of oil-resin
production was obtained in larger trees whose diameters varied from 63 to 72.9 cm, which means that
diameter size is highly and positively correlated with oil-resin production.