A configuração heterogênea dos ambientes fluviais e a sua dinâmica condicionam
uma ocupação muito diversificada dos solos nessas paisagens. A variação na
expressão dos atributos pedológicos, conjugada com peculiaridades dos processos
existentes no ecossistema fluvial, exerce forte influência sobre a distribuição da
vegetação nesses ambientes. As estratégias de restauração das florestas fluviais
precisam respeitar essas peculiaridades, e neste caso, a escolha de espécies
adequadas para iniciar o estabelecimento de uma comunidade funcional representa
elemento chave no processo. O presente estudo teve como objetivo avaliar a
sobrevivência e o crescimento de nove espécies arbóreas, plantadas em três
diferentes densidades (2 x 1, 1,5 x 1 e 1 m x 1 m) e em dois tipos de solos –
Neossolo Flúvico (RY) e Cambissolo Flúvico (CY) - com distintos regimes de
hidromorfia e saturação por bases, na planície do rio Itajaí-Açu, município de Apiúna,
SC. A cada três meses, foram coletados dados referentes à sobrevivência, altura,
diâmetro e área de projeção de copa dos indivíduos. A sobrevivência de
Citharexylum myrianthum Cham., Inga marginata (Willd.) Kuntze, Annona cacans
Warm., Schinus terebintifolius Raddi, Annona sericea Dunal e Cupania vernalis
Cambess. não foi influenciada pelo tipo de solo. Já Alchornea glandulosa Poepp. &
Endl. e Posoqueria latifolia (Rudge) Roem. & Schult. sofreram influência do tipo de
solo, a primeira com maior sucesso em RY e a segunda em CY. Cabralea canjerana
(Vell.) Mart. apresentou elevada mortalidade em ambas as áreas. As espécies que
se apresentaram promissoras para o uso na restauração de ambientes fluviais, em
RY com elevada saturação por bases foram: C. myrianthum, A. glandulosa, I.
marginata, S. terebintifolius e R. sericea. A. cacans mostrou-se promissora sob as
condições acima citadas, desde que não sujeita ao alagamento. A ausência de
diferenças significativas entre as densidades de plantio sugere a possibilidade de
utilização do espaçamento 2 m x 1 m. A tendência de maior incremento nas
estações com maior fotoperíodo e volume de chuvas, sugere que os plantios sejam
conduzidos no início da primavera, como forma de acessar o recobrimento da área
em menor tempo e reduzir o número de tratos culturais.