Resumo:
A Caatinga tem sido, muitas vezes, considerada como um bioma de segunda classe, sendo preterida em sua importância dentre os biomas brasileiros, seja quanto aos investimentos em programas de pesquisa como em ações de políticas públicas. Uma mudança nessa postura deve ser implementada, considerando-se a grande importância que tem a diversidade da caatinga, tanto biológica como antropológica e cultural, em uma região circunscrita por nove estados onde vivem cerca de 20 milhões de brasileiros em condições climáticas muito difíceis. O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Biodiversidade e Florestas - SBF, sinaliza a alta prioridade dada a ações firmes e conseqüentes na caatinga, propondo, em 2003, a instituição do dia 28 de abril como o “Dia Nacional da Caatinga” e a contratação de um subprojeto pelo Probio (Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira) para mapear os remanescentes deste bioma, tendo em vista que as estatísticas para o mesmo são deficitárias e desencontradas. Além dos muitos estudos patrocinados pela Probio/SBF/MMA para levantamentos sobre a biodiversidade no bioma caatinga, vale enfatizar a realização da importante avaliação feita para identificação das áreas e ações prioritárias para conservação e uso sustentável da biodiversidade da caatinga, com o envolvimento de especialistas de instituições de pesquisa e de organizações não governamentais, que definiu claramente regiões de prioridade para estudos e para onde ações de políticas públicas devem ser dirigidas. Dessa forma, o Ministério tem contribuído para a aumentar o conhecimento sobre a Caatinga, não só com o estabelecimento das Áreas Prioritárias, como com a edição do livro sobre a Biodiversidade do Bioma Caatinga, assim como agora, com esta publicação sobre os Brejos de Altitude Nordestinos, o que nos faz ter um sentido de pertencimento a este bioma, o que certamente ajudará em nossa busca de contribuir para a conservação e uso sustentável da caatinga. Os Brejos de Altitude Nordestinos são encraves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida em plena região semi-árida cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática bastante atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco conhecimento sobre sua vegetação e ecologia. A predominância do extrativismo de madeira e de lenha como principal fonte de energia, tanto para as indústrias de gesso como para a população, coloca em risco esse bioma ainda tão pouco conhecido. Por outro lado, este bioma é rico em conhecimento popular tradicional, tanto sobre plantas medicinais fitoterápicas como sobre a cultura alimentar, e pode apontar alternativas para a conservação e o uso sustentável de sua biodiversidade. Paulo Kageyama - Diretor de Conservação da Biodiversidade - DCBio/SBF/MMA.
Descrição:
O conteúdo é apresentado em vinte e dois capítulos: 1 - Projeto Brejo de Altitude - uma experiência interdisciplinar na proteção da biodiversidade; 2 - Uma breve descrição sobre a história natural dos brejos nordestinos; 3 - Cartografia dos brejos de altitude; 4 - Recursos hídricos e os brejos de altitude; 5 - Parque ecológico Vasconcelos Sobrinho e a reprodução socioambiental do insustentável; 6 - Avaliação dos brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba, quanto à diversidade de briófitas, para a conservação; 7 - As bromélias do estado de Pernambuco: Diversidade e status de conservação; 8 - Diversidade florística da Mata de Pau Ferro, Areia, Paraíba; 9 - Levantamento florístico preliminar do Pico do Jabre, Paraíba, Brasil; 10 - Onychophora de florestas úmidas do complexo da Mata Atlântica do nordeste brasileiro e sua importância para a conservação e estudos sistemáticos; 11 - Efeitos de distúrbios florestais sobre as populações de cupins (Isoptera) do Brejo dos Cavalos, Pernambuco; 12 - Riqueza de abelhas e a flora apícola em um fragmento da mata serrana (brejo de altitude) em Pernambuco, nordeste do Brasil; 13 - Diversidade e análise faunística Sphingidae (Insecta, Lepidoptera) na Mata de Pau Ferro, com vista ao monitoramento; 14 - Ictiofauna dos ecossistemas de brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba; 15 - Composição e sensitividade da avifauna dos brejos de altitude do estado de Pernambuco; 16 - Mamíferos dos brejos de altitude de Paraíba e Pernambuco; 17 - Fenologia das espécies arbóreas de uma mata serrana (brejos de altitude) em Pernambuco, Brasil; 18 - Síndromes de polinização de uma comunidade de Bromeliaceae e biologia floral de Vriesea psittacina (Hooker) Lindley (Bromeliaceae) em Brejo dos Cavalos, Caruaru; 19 - Distribuição das plantas amazônico-nordestinas no centro de endemismo Pernambuco: brejos de altitude vs. florestas de terras baixas; 20 - Conservação e manejo dos brejos de altitude no estado de Pernambuco; 21 - Educação Ambiental como estratégia para conservação do ecossistema dos brejos de altitude; 22 - Integridade, esforço e diretrizes para conservação dos brejos da Paraíba e Pernambuco.