A cerejeira (Eugenia involucrata DC.) é uma espécie florestal brasileira com diversas
características de interesse econômico, especialmente nos setores de silvicultura,
fruticultura, paisagístico, ambiental e medicinal. No entanto, possui sementes recalcitrantes,
as quais começam a perder sua viabilidade após duas semanas de coleta. Além disso, não
existem informações sobre a variabilidade genética desta espécie. Este trabalho objetivou
desenvolver metodologias para o cultivo in vitro de E. involucrata e avaliar a variabilidade
genética existente em acessos desta espécie mantidos in situ e ex situ. Na propagação por
técnicas de cultura de tecidos, avaliou-se a desinfestação de explantes, bem como foram
estudados aspectos de crescimento e desenvolvimento in vitro após a inoculação de
segmentos apicais e nodais em diferentes meios nutritivos. Também foi avaliado o efeito de
diferentes fitorreguladores na otimização da multiplicação in vitro. Para a calogênese in vitro,
foram avaliados métodos de desinfestação superficial, formas de inoculação dos explantes,
introdução de reguladores de crescimento, os efeitos de diferentes regimes luminosos, do
uso de antioxidantes e de citocininas. Foi analisada a formação de calos sobre diversos
aspectos de desenvolvimento. Testaram-se diferentes métodos para a extração de DNA
genômico da espécie, utilizando-se diferentes tecidos vegetais. Realizou-se a análise de
acessos oriundos de populações mantidas in situ e ex situ por meio do uso de marcadores
RAPD. Como resultados, foi possível estabelecer cultivos assépticos da espécie, além
disso, o estabelecimento in vitro pode ser realizado com segmentos apicais e nodais, no
entanto, segmentos nodais oferecem os melhores resultados. O meio 1⁄2 MS é o mais
adequado e auxilia na rizogênese, além de outros aspectos de desenvolvimento das
plantas. A utilização de concentrações elevadas de TDZ associadas à ANA permite a
multiplicação de brotos e o surgimento de gemas adventícias em segmentos nodais. GA3
não promove o alongamento dos brotos e, em concentrações elevadas, apresenta-se tóxico.
Para a calogênese in vitro, a melhor forma de cultivo é mantendo-se o explante em posição
abaxial e na ausência de luz. Combinações entre auxinas e citocininas produzem os
melhores índices de calogênese. O emprego da associação 2,4-D e TDZ promove a melhor
formação de calos e de calos candidatos à embriogênese. É possível extrair DNA de boa
qualidade a partir de folhas e câmbios de cerejeira, utilizando-se a maceração com o
tampão de extração concentrado a 10%. A análise com marcadores moleculares RAPD
mostrou-se eficiente na estratificação da variabilidade genética de acessos de cerejeira.
Observou-se que a variabilidade está bem distribuída entre os acessos nas diferentes
populações in situ e que, a população ex situ avaliada, não possui variabilidade satisfatória.
Foi possível gerar informações consistentes que poderão auxiliar o cultivo e o planejamento
de programas de melhoramento da espécie.
The cerejeira-do-Rio-Grande (Eugenia involucrata DC.) is a Brazilian forest species
with traits of economic interest, especially in the forestry, horticulture, landscape,
environmental and medicinal sectors. However, it has recalcitrant seeds, which begin to lose
viability after two weeks of gathering. Moreover, doesn’t known how its genetic variability is
distributed. This study aimed to developed methodologies for in vitro culture of E. involucrata
and evaluate the genetic variability in accessions maintained in situ and ex situ. In vitro
propagation, besides desinfestation, we evaluated aspects of in vitro growth and
development after the inoculation of the apical and nodal segments in different nutritive
media. We also analyzed the effect of introduction of different growth regulators in the
optimization of in vitro multiplication. For callus induction in vitro were evaluated methods of
superficial desinfestation, ways of introduction of plant growth regulators, the effect of
different light regimes, of the use of antioxidants and of the different cytokinins. The
formation of callus on different aspects were evaluated. We tested different methods for
extraction of genomic DNA from this specie using different plant tissues. We performed
analysis of acess coming from populations maintained in situ and ex situ by the use of
markers. It was possible to establish aseptic cultures of E. involucrate. The establishment in
vitro can be accomplished with the apical and nodal segments, however, nodal segments
offer the best results. The 1⁄2 MS is the most appropriate nutritive medium and helps in
rooting. The use of high concentrations of TDZ associated with ANA enables shoot
multiplication and the emergence of shoots from nodal segments. GA3 does not promote the
elongation of shoots and is toxic in high concentrations. Callus formation was obtained in leaf
discs of E. involucrata. The best way to grow is maintaining the explants in abaxial position
and in the dark. Combinations of auxins and cytokinins generate the highest percentage of
callus formation. The association of 2,4-D and TDZ promotes better callus formation and
callus candidates to embyogeneis. It is possible to extract good quality genomic DNA from E.
involucrata leaves and cambia, using the maceration with the extraction buffer concentrate to
10%. Analysis with molecular markers was efficient in the stratification of genetic variability in
accessions of cherry. It was observed that the variability is evenly distributed between the
accessions in different in situ populations and that in the ex situ population assessed the
variability is not satisfactory. It was possible to generate consistent information to assist in
the cultivation and in planning of breeding programs of the species.