Os riscos de diminuição dos teores de matéria orgânica e nitrogênio no solo são
elevados em povoamentos monoespecíficos de eucaliptos. Uma das alternativas para
contornar ou reverter este problema é o plantio misto de eucalipto com leguminosas
arbóreas fixadoras de N2. O presente estudo teve como objetivo avaliar as interações
entre espécies no crescimento da parte aérea e do sistema radicular, na nutrição
mineral das plantas e na fixação de nitrogênio em plantios consorciados de E. grandis e
leguminosas arbóreas. O estudo foi conduzido na Estação Experimental de Ciências
Florestais de Itatinga, Itatinga, SP. O tipo de solo ocorrente na área foi caracterizado
como Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico psamítico. O clima foi caracterizado como
mesotérmico úmido (Cwa), segundo a classificação de Köeppen. O delineamento
experimental foi o de blocos ao acaso com 3 repetições. As parcelas experimentais
tinham 100 plantas, de E.grandis estabelecidas no espaçamento de 3,0m x 3,0m. Nas
linhas de plantio, no meio do espaço entre as plantas de E. grandis, foram plantadas
intercaladamente (50% da população do E. grandis) leguminosas arbóreas nativas de
matas brasileiras (Peltophorum dubium, Inga sp, Mimosa scabrella, Acacia polyphylla,
Mimosa caesalpiniaefolia) e uma leguminosa exótica (Acacia mangium). O experimento
foi medido até os 24 meses pós-plantio. A M. scabrella e a A. Mangium foram às
leguminosas que tiveram maior crescimento. O E. grandis consorciado com a M.
scabrella cresceu menos porém, foi o consórcio mais produtivo. Quanto a densidade de
raízes finas (drf), para o E. grandis, esta só variou na camada de 0-30cm de
profundidade enquanto que para a M. scabrella e a M. caesalpiniaefolia as variações
de drf ocorreram logo abaixo dessa camada. Isso indica que estas leguminosas
procuraram explorar camadas onde a competição com o E. grandis era menor. A A.
mangium e a M. caesalpiniaefolia apresentaram as menores drf (< 0,3 cm cm-3). A M.
scabrella apresentou maior drf, a qual chegou a 0,84 cm cm-3 aos 24 meses. Apenas o
consórcio E. grandis mais M. scabrella apresentou maior acúmulo de N na soma de
todos os seus compartimentos em relação ao povoamento solteiro de E. grandis.
Proporcionalmente, as quantidades de N acumuladas na biomassa da M. scabrella, da
M. caesalpiniafolia e da A. mangium foram maiores do que no E. grandis. A M. scabrella
foi bem mais eficiente do que as demais leguminosas para incorporar N na biomassa
aérea. O E. grandis acumulou mais N nas folhas do que no lenho, ao contrário do que
foi observado para a M. scabrella e a M. caesalpiniafolia. Pela análise isotópica foi
constatado que a M. scabrella possui maior eficiência para fixar N2 atmosférico do que
as outras espécies de leguminosas. Dentre as leguminosas nativas, esta espécie foi a
que demonstrou maior potencial para uso em plantios consorciados.
The risks of reduced organic matter content and soil nitrogen are elevated in pure
stands of eucalypt. One of the alternatives to avoid or solve this problem is the use of
mixed plantation of eucalypt with leguminous N2-fixing trees. The objective of the
present study was to evaluate the above and belowground growth interactions between
species, the mineral nutrition of the plants and nitrogen fixation in mixed stands of E.
grandis and native leguminous N2-fixing trees. The study was carried out at the
Experimental Station of Forest Sciences of Itatinga, Itatinga, São Paulo, Brazil. The soil
was characterized as loam Red-Yellow Latosol. The climate is characterized as humid
mesothemic according to the classification of Köeppen. The experimental design was in
3 blocks with each block having 7 parcels. The experimental parcels had 100 plants of
E. grandis established with the space of 3,0m x 3,0m. Within the lines of the E. grandis
seedlings (50% of the population of the E. grandis) was intercropped with native
leguminous N2-fixing trees (Peltophorum dubium, Inga sp, Mimosa scabrella, Acacia
polyphylla, Mimosa caesalpiniaefolia) and one exotic leguminous plant (Acacia
mangium). The experiment was evaluated for 24 months after planting. The M. scabrella
and A. mangium are the legume trees that had highest growth. Although E. grandis and
M. scabrella had the lowest growth, it was the most productive combination. The fine
root density of E. grandis only varied in the layer of 0-30cm deep whereas for the M.
scabrella and the M. caesalpiniaefolia the root density variations occurred below this
layer. This indicates that these legume trees explore layers where competition with E.
grandis is least. A. mangium and M. caesalpiniaefolia produced the lowest root density
(< 0,3 cm cm-3). The M. scabrella produced the highest root density of 0,84 cm cm-3
within 24 months. E. grandis and M. scabrella was the only combination that had the
highest accumulation of N in relation to all evaluated compartments of the pure stand of
E. grandis. Proportionally, the amounts of accumulated N in the biomass of M. scabrella,
M. caesalpiniafolia and A. mangium was higher than E. grandis. M. scabrella was the
most efficient legume tree in incorporation of N in the above and belowground biomass.
E. grandis accumulated more N in the leaves than in the stems contrary to what was
observed in M. scabrella and M. caesalpiniafolia. Using the isotopic analysis it was
observed that M. scabrella had greater efficiency in fixing atmospheric N2 than the other
species of leguminous trees. Amongst the native leguminous trees, M. scabrella was the
one that demonstrated a greater potential for use in mixed stands.