O estudo foi realizado em área localizada na Serra do Mar, no domínio da
Mata Atlântica, na formação florestal denominada Floresta Ombrófila Densa Atlântica,
no Município de Paraibuna, Estado de São Paulo, Brasil, entre as coordenadas
geográficas 23o 31’ 21” e 23o 32’ 36” de Latitude Sul e 45o 39’ 33” e 45o 41’ 54” de
Longitude Oeste e 1.136 m de altitude.
Foram estudados 3 fragmentos de vegetação natural de 46,92 ha, 4,28 ha e
26,38 ha e uma área de plantio de eucalipto adjacente, com sub-bosque bem
desenvolvido, sendo a vegetação dos fragmentos, mata ciliar em estágio médio de
regeneração secundária. O fragmento de menor área constitui-se num corredor de
vegetação natural, interligando os 2 fragmentos maiores.
O principal objetivo foi analisar os grupos de aves afetados pela
fragmentação florestal e avaliar os impactos causados pela fragmentação e o isolamento
destas áreas e, utilizando a avifauna como indicador ecológico, analisar a efetividade do
corredor na passagem de material genético entre os fragmentos.
Os métodos utilizados para o registro da avifauna foram o de observações
por pontos fixos e captura e recaptura com auxilio de redes instaladas no sub-bosque dos
fragmentos e do plantio de eucalipto, além das observações qualitativas realizadas entre
os levantamentos.
Considerando-se os métodos utilizados e as 4 áreas estudadas, foi possível
registrar, em 80 horas de observações e 2.502 horas rede, 135 espécies de aves,
distribuídas em 33 famílias e 14 ordens, sendo as principais guildas a insetívora, onívora
e granívora, todas ocupando o sub-bosque. Através dos dados dos levantamentos foram analisados parâmetros como
número de espécies, abundância, freqüência de ocorrência, diversidade, eqüidade,
similaridade, composição das espécies e guildas alimentares.
A composição de espécies foi afetada pela fragmentação e redução da área
de vegetação natural. A quantidade e diversidade de aves apresentou relação direta com
o tamanho do fragmento e estrutura da vegetação, e inversa com o grau de isolamento.
Não houve a constatação da passagem pelo corredor, de nenhum
indivíduo da avifauna tipicamente florestal. O registro de grande quantidade de espécies
comuns aos 2 fragmentos e corredor, de diversos grupos tróficos e distribuídas nos
diferentes estratos da vegetação, demonstra a existência de uma dinâmica entre estes
ambientes.
O corredor está funcionando como uma efetiva área de hábitat,
complementando a cadeia de reserva existente. A sua largura está diretamente ligada a
efetividade, no entanto, a largura ideal é uma medida empírica, pois existem diversas
variáveis que podem estar interferindo no fluxo das espécies pelo corredor, como área,
grau de isolamento, estrutura e composição da vegetação, efeito de borda, tipo de
vizinhança e pressões antrópicas.
Os plantios de eucalipto, mesmo com o sub-bosque bem desenvolvido,
formam uma barreira para diferentes espécies da avifauna, principalmente as florestais.