Resumo:
Um dos maiores patrimônios do Brasil é a sua mega biodiversidade; aqui encontram-se cerca de 20 % das espécies de seres vivos do planeta. Um outro patrimônio notável brasileiro é sua grande diversidade sóciocultural. Em muitas regiões, estes dois patrimônios nacionais se sobrepõem: a maior parte das áreas ainda preservadas de nosso território são habitadas, com maior ou menor densidade, por populações indígenas ou por comunidades rurais “tradicionais” – caiçaras, ribeirinhos, seringueiros, quilombolas, caipiras – para as quais a conservação da fauna e flora é a garantia de sua perenidade. Levando em consideração que duas das maiores crises mundiais atuais são a destruição das florestas tropicais e a pobreza das pessoas que habitam as áreas rurais, esta sobreposição têm gerado conflitos, não só no Brasil mas em todo o mundo: estimativas recentes calculam que existem no nosso planeta cerca de 7 milhões de “refugiados da conservação”, ou seja, pessoas que foram retiradas de seu local de origem para que ali fossem estabelecidas unidades de conservação. Atualmente não existem informações sistematizadas tampouco comparações quanto aos resultados obtidos conforme as diferentes políticas adotadas nas situações onde estão envolvidas populações locais e unidades de conservação. Este documento pretende contribuir para a construção de uma nova abordagem, além das atuais, o preservacionismo e o conservacionismo, onde haja uma real conservação de nosso patrimônio biológico aliado à justiça social. Moacir José Sales Medrado - Chefe Geral Embrapa Florestas.