Resumo:
Discute-se a possibilidade de produção sustentada de madeira em floresta de terra-firme da Amazônia brasileira, tendo-se, como base, oito anos de observações de um experimento silvicultural com área de 64 ha, situado na Floresta Nacional do Tapajós, Santarém-Pará. Observações periódicas de parcelas de regeneração natural pelo sistema Malaio revelaram que a explo- ração por si só foi capaz de induzir a regeneração de espécies comerciais e potenciais. O estoque de espécies comerciais cresceu de 41%, antes da ex- ploração, para 76% após a abertura do dossel. O crescimento em diãmetro de todas as espécies, de um modo geral, foi aumentado em consequência da abertura do dossel; porém, o efeito benéfico teve duração de apenas três a quatro anos após a exploração, quando começou a decrescer. Os ingres- sos de espécies comerciais e de potenciais diminuiram 60% e 47%, respec- tivamente, entre o segundo e oitavo anos após a exploração, o que pode comprometer a composição do terceiro corte. A exploração, que removeu 73 m3/ha e, aproximadamente, 16 árvores/ha, foi considerada bastante pesada para ser sustentável, assumindo-se um sistema de manejo policíclico. Pro- jeções da floresta remanescente por um período de 30 anos (33 após a ex- ploração inicial), mostraram que não se pode esperar uma colheita econô- mica ao final do atual ciclo de corte. Por outro lado, simulações de regimes de manejo mostraram que uma colheita econômica só seria possível se al- gumas espécies potenciais ganhassem mercado durante o curso do atual ciclo de regeneração. Sugere-se uma sequência de operações de um siste- ma silvicultura! para florestas de terra-firme da Amazônia brasileira.