A erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma espécie que ocorre naturalmente em solos com altos teores de Al. Esse elemento, normalmente é tóxico para a maioria das espécies, prejudicando seu crescimento. No entanto, há espécies que melhoram seu crescimento na sua presença, indício de tolerância. Os compostos fenólicos, além da ação terapêutica, podem estar relacionados à tolerância da erva-mate ao Al. Papel semelhante tem sido atribuído ao boro. Nesse contexto, objetivou-se avaliar a tolerância de clones de erva-mate ao Al e a participação do boro e dos compostos fenólicos na tolerância. Para isso, instalaram-se dois experimentos em casa de vegetação em sistema hidropônico com mudas clonais de erva mate, em que os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados e repetidos quatro vezes. No primeiro experimento, testaram-se três clones (F02, A35 e A07) e cinco doses de Al (0, 100, 500, 1000 e 2000 μmol/L de Al) durante 50 dias. Determinaram-se características de crescimento de parte aérea e radicular, absorção de nutrientes e trocas gasosas. Houve estímulo ao crescimento da parte aérea e de raízes e das trocas gasosas até certas doses de Al, mesmo com diminuição no teor de P e Ca foliar, porém a magnitude da resposta e a forma de reação diferiram entre clones. A taxa de alongamento das raízes e a matéria seca radicular são bons indicadores da tolerância da erva-mate ao Al. O acúmulo de Al nas raízes mostra- se importante para tolerância da erva-mate a esse elemento. No segundo experimento, as mudas de erva-mate foram mantidas durante 80 dias em solução nutritiva, com os tratamentos: -B-Al (sem aplicação de B e Al); +B-Al (92,6 μmol/L de B e 0 μmol/L de Al); -B+Al (0 μmol/L de B e 1000 μmol/L de Al) e +B+Al (92,6 μmol/L de B e 1000 μmol/L de Al). Determinaram-se características de crescimento, status nutricional e compostos fenólicos. Não houve grandes alterações no status nutricional, e o crescimento foi favorecido pelo efeito sinérgico do B e Al. O aumento de galocatequina, epigalocatequina galato e ácido clorogênico na presença do Al, podem estar relacionados à tolerância da erva-mate ao Al.
Mate (Ilex paraguariensis) grows naturally in soils with high content of aluminum. Aluminum is toxic to most plant species, impairing their growth. However, there are species which grow better in presence of relatively high aluminum content, what can be considered an indication of tolerance to this element. Mechanisms of tolerance to aluminum may vary among plant genotypes and phenols are suggested as being involved in this process in mate. Similarly, boron nutrition may take part in the process as it influences phenol synthesis by the plants. Therefore, this study aimed to evaluate differential tolerance of mate clones and the involvement of boron and phenolic compounds in the tolerance of mate seedlings to aluminum. Two trials were carried out in nutrient solution under greenhouse conditions. In the first, seedling of three mate clones (F02, A35 and A07) were grown in solutions containing 0, 100, 500, 1000 and 2000 μmol/L Al during 50 days. Increasing Al in the solution, to a certain concentration, enhanced mate shoot and root growth, photosynthesis rate and stomata conductance but decreased phosphorus and calcium foliar concentrations. The response pattern and intensity varied with clone. Plants accumulated aluminum in the roots avoiding its transport to the shoot, which could be a strategy to tolerate high aluminum concentration in the growing solution. This study showed that root length and dry matter are good indicators of mate aluminum tolerance. In the second study, mate seedlings were submitted to a factorial combination (presence or absence) of aluminum and boron in the nutrient solution for 80 days. Boron was supplied at the concentration of 92.6 μmol/L and aluminum at the concentration of 1000 μmol/L. There were no significant changes in the nutritional status of the plants, but a synergetic effect of boron and aluminum was observed on seedling growth. Aluminum favored the increase of gallocatechin, epigallocatechin gallate and chlorogenic acid concentrations in the leaves and it is suggested that these compounds may be involved in mate tolerance to aluminum.