A ciclagem de nutrientes em florestas tropicais é um processo de grande importância
para a manutenção do funcionamento desses ecossistemas, pois por meio da
liberação dos elementos minerais presentes na fitomassa ocorre o suprimento da
maior parte dos nutrientes necessários ao crescimento e desenvolvimento das
plantas. Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar a deposição de serapilheira e
ciclagem de nutrientes em florestas secundárias na região de ocorrência da Floresta
Ombrófila Densa Submontana no litoral do Paraná. Para isso, foram realizadas
coletas mensais de serapilheira depositada em três áreas distintas: floresta
secundária menos desenvolvida (FS-1), floresta secundária intermediária (FS-2) e
floresta secundária mais desenvolvida (FS-3). A serapilheira foi separada nas
frações ramos, órgãos reprodutivos, restos e folhas. As folhas foram triadas
novamente para separar as espécies conhecidas, sendo as demais classificadas
como folhas diversas. Em seguida, foram determinados o peso seco das amostras
de serapilheira e os teores de carbono (C), dos macronutrientes (N, P, K, Ca e Mg),
micronutrientes (Cu, Mn, Fe e Zn) e Na nas diferentes frações e nas folhas de
algumas espécies. A deposição média anual de fitomassa foi ligeiramente maior nas
áreas FS-3 e FS-1. Com relação à variação temporal, a deposição ficou mais
concentrada nos meses quentes e com maior precipitação do ano, padrão comum
para florestas ombrófilas. A fração folhas foi a mais abundante em todas as áreas,
porém sua proporção diminuiu nas florestas mais desenvolvidas, com aumento da
porcentagem dos galhos, o que está ligado à evolução estrutural da floresta.
Analisando a deposição das folhas de algumas espécies, observou-se uma
tendência de diminuição da proporção das espécies pioneiras, enquanto as
secundárias aumentam essa quantidade nas florestas mais desenvolvidas. Isso está
ligado às mudanças florísticas ocorridas na floresta, com a substituição de grande
parte das espécies pioneiras por secundárias ou climácicas. Para concentração da
maioria dos macro e micronutrientes, o arranjo fatorial mostrou interação significativa
entre as frações e as estações do ano. O teor de N aumentou nas florestas mais
desenvolvidas, para a maioria das frações e espécies, o que consequentemente
diminuiu a relação C/N. Alguns padrões se repetiram nas três áreas, como maior
concentração de K e menores de Mn e Fe nos órgão reprodutivos; e maiores teores
de P nos ramos e de Mg nas folhas diversas. O teor de Na foi elevado na floresta
secundária intermediária, devido à exposição da parcela aos ventos vindo do mar.
Alguns nutrientes, como N, K e Cu, apresentaram maiores teores no inverno, o que
está relacionado à menor precipitação nesse período, devido à mobilidade desses
elementos na planta. Comparando as áreas, percebe-se que a concentração de
grande parte dos nutrientes aumentou nas florestas mais desenvolvidas, assim como
a quantidade média anual de nutrientes depositados. Esses resultados são
compatíveis com resultados obtidos em outras áreas de Floresta Ombrófila Densa.
Nutrient cycling in tropical forests is a very important process to maintain the
ecosystem functioning. It supplies the major part of the elements needed for plant
growth. The aim of this study was to evaluate the litterfall and nutrient cycling in
different stages of secondary succession in Dense Ombrophilous Submontane
Forest. For this, the litterfall was collected monthly in three sites: initial secondary
forest (FS-1), intermediate secondary forest (FS-2) and advanced secondary forest
(FS-3). Samples were separated in different fractions: branches, reproductive organs,
leaves and remains. The leaves were screened again to separate selected species,
the others being classified as remaining leaves. Then we determined the dry weight
of the litter samples (fractions and species), and the content of carbon (C),
macronutrients (N, P, K, Ca and Mg), micronutrients (Cu, Mn, Fe and Zn) and Na on
the different litterfall fractions. The biomass deposition was lightly superior on FS-3 e
FS-1 sites. The temporal variation was characterized by high depositions during the
warmer/wetter months, what represents a common standard for tropical rainforests.
The leaves fraction was the most abundant, but their proportion decreased in the
oldest forests, increasing the percentage of branches, what is linked to the structural
evolution of the forest. The same occurred for the pioneer species, representing a
high proportion of the total leaves biomass in the FS-1 site but decreasing its
proportion in the oldest forests, being replaced by secondary or climax species. For
concentration of most macro and micronutrients, the factorial arrangement showed a
significant interaction between fractions and seasons. N content increased in the
oldest forests, for most species and fractions, with consequent decrease of the C/N
ratio. Some patterns were repeated for the fractions of the three sites: the highest K
and lowest Mn and Fe contents in the reproductive organs, and the highest P
contents in the branches, and the highest Mg in leaves. Sodium content was superior
at intermediate secondary forest, due to forest exposure to winds from the sea. Some
nutrients such as N, K and Cu showed higher levels during Winter, what is related to
low rainfall and leaching of such elements during this period. Nutrient content for
elements increased in the oldest forests as well the average annual amount of
deposited nutrients. The results here are similar to other studies with Dense
Ombrophilous Forest in Brazil.