Resumo:
Montagnini et al. (1992) afirmam que os sistemas agroflorestais (SAFs) adaptam-se muito bem ao esquema de produção da agricultura familiar, por potencializarem o uso da mão-de-obra disponível na propriedade. A diversificação e integração dos cultivos e a criação de animais são extremamente benéficos ao meio ambiente e às condições socioculturais do pequeno produtor. Segundo a mesma fonte, esse sistema de uso da terra constitui-se em uma alternativa para minimizar a degradação ambiental, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável. Dentro desse contexto, muitas comunidades agrícolas da Amazônia vêm investindo nos SAFs como uma alternativa econômica. Uma das pioneiras foi a associação de produtores do Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca) que, a partir de 1989, vem implantando sistemas agroflorestais do tipo multiestratos, tendo como componentes básicos o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), pupunha (Bactris gasipaes), castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) e culturas anuais de subsistência. O Projeto Reca tem se tornado uma referência na Amazônia. São 650 ha de SAFs, distribuídos nas propriedades dos 274 agricultores associados. Entretanto, a implantação dos SAFs utilizando culturas como cupuaçu, pupunha e castanha sofre influência de fatores de risco, devido à elevada dependência do mercado de produtos. Portanto, este trabalho se propõe a fazer uma análise da viabilidade econômica dos três principais modelos implantados no Reca e dos riscos decorrentes de fatores institucionais relacionados e não ao mercado.