Resumo:
O cupuaçuzeiro é uma planta nativa da Amazônia, tendo a partir do final da década de 70, iniciado seu cultivo racional em bases comerciais na colônia nipo-brasileira de Tomé-Açu, Pará. A exposição da mídia nacional e internacional com relação à Amazônia, com maior intensidade a partir do final dos anos 80, colocou diversas frutas amazônicas, como o cupuaçu, o açaí, o bacuri, entre outros, no cenário mundial, antes restritas ao âmbito regional. Atualmente, a maior produção de cupuaçu provém de plantios racionais, estimados em mais de 20 mil hectares, distribuídos nos Estados do Pará, Rondônia, Amazonas e Acre, principalmente. No Estado do Pará existem mais de 14 mil hectares plantados, dos quais 5 mil hectares são plantios adultos, cuja produção de frutos teve um crescimento de 65% nos últimos quatro anos (Tabela 1). No sudeste paraense, so- bretudo na microrregião de Marabá, ainda são encontrados nas matas remanescentes, competindo com a expansão da fronteira agrícola, estoques de cupuaçuzeiros nativos, que passaram a ser aproveitados com a valorização do fruto e a melhoria das estradas vicinais. Quanto à produção de cupuaçu nativo, a área de maior ocorrência é o sudeste paraense, que tem sofrido forte pressão migratória nestas últimas três décadas, traduzido na constante destruição dos recursos naturais, em especial das áreas de castanheiras e de cupuaçuzeiros (Homma et al., 1996; Homma, 2000). A valorização dos frutos de cupuaçuzeiros a partir da segunda metade da década de 80, induziu a sua conservação, mas que está sendo substituída pelos plantios racionais, devido ao período relativamente curto para atingir a frutificação. Uma das grandes opções para manter a floresta amazônica tem sido a valorização dos produtos não-madeirei- ros, criando a falsa concepção de que todo produto não-madei- reiro é sustentável. A reduzida densidade de muitos produtos não-madeireiros fazem com que a produtividade da terra e da mão-de-obra sejam baixas, apresentam limitação quanto a expansão da oferta e os custos de produção são mais eleva- dos, se comparados com os plantios racionais. O crescimento do mercado tem sido o indutor principal para a expansão dos plantios racionais, aliado ao custo de produção mais elevado da coleta extrativa, a despeito da existência desse recurso na natureza e dos plantios racionais serem realizados nas proxi- midades das moradias, facilitando o transporte, entre outros. Ao longo do tempo, os preços do cupuaçu têm apresentado uma tendência decrescente, com o crescimento dos plantios racionais, inviabilizando a coleta extrativa. Entretanto, na me- dida em que mais produtores são envolvidos nessa atividade, tende a limitar as suas possibilidades econômicas inviabilizando ainda mais a coleta extrativa. Esta pesquisa teve como objetivo principal compre- ender os mecanismos que levam à perda de importância dos recursos extrativos e propor sugestões de políticas públicas, visando preservar os recursos florestais (castanheiras e cupuaçuzeiros) no sudeste paraense.