Resumo:
Cerca de 117 milhões de hectares do Cerrado estão ocupados por pastagens. Destes, pouco menos da metade são pastagens implantadas, principalmente as braquiárias. Devido a inúmeras razões, sobretudo ao extrativismo e ao amadorismo dos produtores, a maior parte dessas pastagens encontra-se em processo de degradação ou já totalmente degradadas. Em razão disso, os prejuízos com a pecuária têm sido significativos, principalmente na entressafra, podendo chegar a US$1 bilhão anualmente. Métodos diretos de recuperação quase não são adotados, principalmente por questões econômicas. Nos últimos anos, tem-se verificado que sistemas agropastoris, seja por rotação ou consórcio anuais de culturas com forrageiras, favorecem ambas as explorações. O "Sistema Barreirão", criado na década de 80 e difundido na de 90 pela EMBRAPA Arroz e Feijão, congrega práticas agronômicas, que permitem recuprar/renovar pastagens degradadas e, ao mesmo tempo, produzir grãos, como arroz, milho, milheto ou sorgo, cujo valor da produção pode ser suficiente para remunerar o custeio da aplicação da tecnologia. O objetivo deste trabalho foi quantificar a adoção desta tecnologia e qualificar seus efeitos entre os produtores. Dos 214 agropecuaristas amostrados em 34 municípios de cinco estados selecionados na região do Cerrado brasileiro, 61 deles (cerca de 30%) utilizaram a tecnologia, tendo sido recuperados, em média, 72 hectares por produtor. Destes produtores, cerca de 62% conheceu a tecnologia em dias de campo, o que indica ser este um instrumento importante no processo de difusão da tecnologia. A maior parte dos entrevistados é representada por pequenos e médios produtores, dependentes da atividade, e cerca de 80% aplicou a tecnologia utilizando recursos próprios. Do universo de produtores amostrados, apenas 15% não teve pleno sucesso na produção de grãos, devido principalmente à razões fitossanitárias. As produções de arroz e milho foram superiores a 1800Kg/ha e 3600Kg/ha, respectivamente, sendo igualmente superiores, em média, ao custo da produção e à média brasileira, considerando-se a cultura solteira e no sistema de sequeiro. Mais de 80% dos produtores pretendem continuar utilizar a tecnologia, visto que mais de 90% deles consideravam-na boa ou ótima. A qualidade das pastagens recuperadas, segundo eles, foi boa ou ótima em 97% e 90% dos casos nos períodos chuvoso e seco, respectivamente. O principal entrava à intensificação da adoção desta tecnologia foi a inexistência ou insuficiência de máquinas e implementos nas propriedades, bem como o elevado custo para adoção.