As alterações na paisagem em consequência do processo de fragmentação florestal são, atualmente, uma das maiores ameaças à biodiversidade. Os corredores de vegetação são uma das alternativas para minimizar os efeitos do isolamento estrutural de fragmentos florestais, aumentando a conectividade funcional, especialmente em paisagens dominadas por matrizes pouco permeáveis. Considerando que corredores são elementos comumente observados nas regiões sul e sudoeste de Minas Gerais e que foram pouco estudados, este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a composição e a estrutura da comunidade de pequenos mamíferos em fragmentos florestais, corredor de vegetação e matriz de café, determinando como e quais espécies utilizam o corredor e verificar a funcionalidade dessa estrutura como hábitat para o marsupial Marmosops incanus, no município de Santo Antônio do Amparo, MG. Para isso, foram amostrados, durante o período de dezembro de 2008 a maio de 2009, dois fragmentos, um corredor que conecta estes fragmentos e uma área de matriz de café, sendo demarcadas, no total, 14 transecções, em que foram dispostas armadilhas do tipo live-trap. O método utilizado foi de captura-marcação-recaptura. Foram registradas, no total, 17 espécies, sendo o corredor o sítio de maior riqueza (14 espécies), seguido pelo fragmento (10) e matriz (6). A abundância total foi similar entre o fragmento e o corredor (F = 22,935; P = 0,064), sendo significativamente menor na matriz de café, quando comparada a esses sítios (matriz x corredor: P<0,001; matriz x fragmento: P = 0,007). No entanto, a abundância de cinco espécies foi significativamente diferente entre os sítios, sendo M. incanus mais abundante no fragmento, Cerradomys subflavus, Gracilinanus microtarsus e Rhipidomys sp. no corredor e Calomys sp. na matriz, o que foi corroborado pela análise de espécies indicadoras. A maior parte das espécies de pequenos mamíferos permaneceu, em média, mais tempo no corredor do que no fragmento e matriz. Diferentes resultados apresentados apontaram para o fato de que o corredor amostrado provê hábitat adequado para o marsupial M. incanus, uma vez que (I) abriga uma população residente, (II) o peso médio dos indivíduos não diferiu entre este sítio e os fragmentos e (III) indivíduos de diferentes classes de idade também estavam presentes no corredor, bem como machos e fêmeas na mesma proporção. O tempo de permanência médio das fêmeas e dos machos foi semelhante nos sítios (tempo de permanência de machos e fêmeas no corredor: U = 17,00, P = 0,308 e nos fragmentos U = 139,5, P = 0,476). Diante dos resultados apresentados, pode-se concluir que o corredor abriga tanto espécies características de interior de floresta como as associadas à borda e funcionam como hábitat para a maioria das espécies de pequenos mamíferos. Dessa forma, os dados obtidos para pequenos mamíferos, no presente estudo, reforçam a importância do corredor nesta paisagem fragmentada e corroboram os resultados apresentados em outros estudos nessa área e em áreas próximas para outros grupos, mostrando que a conservação dessas estruturas deve ser estimulada.
Changes in the landscape as a result of the process of forest fragmentation is currently one of the greatest threats to biodiversity and vegetation corridors are one of the alternatives for minimizing the effects of the structural isolation of forest fragments, increasing the functional connectivity, especially in landscapes dominated by low permeability matrix. Whereas vegetation corridors are elements commonly observed in southern and southwest region and have been poorly studied, this study aimed to evaluate the composition and community structure of small mammals in forest fragments, vegetation corridor and coffee matrix, determining how and which species use the corridor and verifying the functionality of this structure as habitat for the marsupial Marmosops incanus in municipality of Santo Antonio do Amparo, Brazil. For this, we sampled between December 2008 to May 2009, two fragments, a corridor that connects these fragments and a coffee matrix, and marked a total of 14 transects sampled by live-traps, and the method used was the capture-mark-recapture. We recorded a total of 17 species, and the corridor was the site that showed the highest richness (14 species), followed by the fragments (10) and matrix (6). The total abundance was similar between the fragment and corridor (F = 22,935; P = 0,064), being significantly lower in the coffee matrix compared to those sites (matrix x corridor: P < 0,001; matrix x fragment: P = 0,007). However, the abundance of five species more commonly captured was significantly different between sites, and M. incanus were most abundant in the fragments, Cerradomys subflavus, Gracilinanus microtarsus and Rhipidomys sp in corridor and Calomys sp. in matrix, which was corroborated by indicator species analysis. Most species of small mammals remained, on average, more time in the corridor than in the fragments and matrix. Different results demonstrated that the corridor provide suitable habitat for the marsupial M. incanus, since (I) holds a resident population, (ii) the average weight did not differ between this site and the fragments and (III ) individuals of different age classes were also present in the corridor, as well males and females in the same proportion. The mean residence time of females and males was similar between sites (residence time in male and female in corridor: U = 17,00, P = 0,308; and in fragments: U = 139,5, P = 0,476). Given the results, it appears that the corridor is used by species characteristic of forest interior as those associated with the edge, and they perform as habitat for most species of small mammals. In this way, data for small mammals in this study reinforce the importance of the corridor in this fragmented landscape and corroborate the results reported in other areas closer using other organisms, showing that the conservation of these structures should be encouraged.