O uso de espécies exóticas pioneiras em projetos de restauração tem sido justificado por um possível efeito facilitador na restauração e também por proverem benefícios econômicos, conciliando aspectos ecológicos, econômicos e sociais. Entretanto, espécies exóticas podem tornar-se um risco para os ecossistemas naturais se estas se configurarem como invasoras, desviando assim a trajetória sucessional esperada do ecossistema em restauração. As espécies exóticas podem, também, competir com a comunidade em regeneração, atrasando o processo sucessional. Práticas de manejo adaptativo são então necessárias, nestes casos, com a finalidade de redirecionar a trajetória natural da sucessão. O objetivo na execução deste estudo foi verificar quais os efeitos da eliminação de uma espécie arbórea exótica (M. caesalpiniifolia) sobre a comunidade nativa regenerante sob plantio de restauração florestal em região de floresta estacional semidecidual. Com a retirada dos indivíduos de sansão-do-campo, foram testadas as seguintes hipóteses: 1) Mimosa caesalpiniifolia exerce efeito supressor nas comunidades em restauração; 2) A resposta ao manejo será variável entre espécies, modelos de restauração e situações ambientais. O estudo foi realizado no município de Botucatu, estado de São Paulo, em duas áreas experimentais com características diferentes de solo e dois modelos de restauração (um sistema agroflorestal e um consórcio de espécies para madeira e lenha). Os tratamentos de eliminação de 100% das árvores (manejo) e testemunha foram comparados dentro de cada área e entre áreas. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com parcelas subdivididas. Após o manejo houve aumento da diversidade e redução da área basal da regeneração, contudo, a perda de área basal foi recuperada após um ano, equiparando-se com as parcelas testemunha. Os resultados indicam que o manejo pode afetar as espécies da comunidade de forma diferenciada; entretanto, não houve um padrão previsível mesmo com relação às espécies pioneiras. Observou-se forte influência da qualidade do sítio nos processos de sucessão/restauração do ecossistema, entretanto, nenhuma interação do efeito do manejo com as áreas experimentais ou modelos de restauração foi significativa. Apesar dos resultados no presente estudo sugerirem que o manejo beneficiou a comunidade regenerante e possivelmente acelerou o processo de sucessão, conclusões sobre o efeito da retirada de árvores como método de manejo adaptativo dependerão de novos estudos de monitoramento que confirmem os efeitos benéficos em longo prazo. No entanto, a ausência de efeitos negativos sobre a comunidade de plantas regenerantes indica que o manejo adaptativo pode ser recomendado, principalmente levando-se em conta a possibilidade da exploração econômica de ecossistemas em restauração.
The use of exotic species as facilitators in restoration plantings can be opportune as they can reconcile economic, social, and ecological benefits. Otherwise they may compete with native species during a later phase, delaying the successional process or even deviating the expected successional trajectory. In these cases, adaptive management practices (i.e. species removal) might be necessary to ensure the achievement of restoration goals. We looked at the effect of elimination of an exotic tree species (M. caesalpiniifolia) over the native species regeneration in forest restoration plantings. We tested the following hypotheses: 1) Mimosa caesalpiniifolia imposes a suppressive effect over the community in restoration, 2) The response to the management intervention will vary among species, models of restoration, and environmental situations. The study was undertaken in Botucatu, state of São Paulo, at two sites with contrasting soil fertility after 14 years of the establishment of two plantation models to restore the tropical semideciduous moist forest, namely: AS- Agroforestry System; and MIX- mixed commercial plantation with timber and firewood tree species. The natural regeneration of woody species (height ≥ 0.2 m) was compared between managed (M. caesalpiniifolia trees removed) and unmanaged (control) plots, soon after and one year after the thinning. . The experimental design was in randomized blocks with split plots. After the management the regeneration diversity increased and the basal area decreased; nevertheless, the basal area loss was recovered after one year, in comparison with the control plots. The results suggested that the management can have uneven effects depending on the tree species regenerating, however, there was no predictable pattern even regarding the pioneer species. A strong influence of site quality on the succession processes / ecosystem restoration is remarkable. However, no interaction among management, sites, or restoration models was significant. Although the results of this study suggest that management has benefited the regenerating community and possibly has accelerated the succession process, conclusions about the effects of tree removal as an adaptive management stratetgy will depend on further monitoring studies to confirm the beneficial effects in the long term. However, the lack of negative effects of tree removal on the natural regeneration indicates that the interventions may be recommended, especially considering the possibility of some economic exploitation of restoration plantings.