Resumo:
Biorrefinarias são instalações industriais que transformam biomassa em produtos comercializáveis - alimentos, rações animais, biofertilizantes, produtos químicos, biocombustíveis - e em energia - eletricidade e calor. Diversas agroindústrias operam segundo a lógica de biorrefinarias, tendo-se como exemplo mais marcante, no Brasil, as usinas de açúcar e etanol. A partir da biomassa cana-de-açúcar, essas instalações entregam diversos tipos de açúcar, levedura, biofertilizantes, etanol anidro e hidratado, além de gerar calor e eletricidade para os processos internos. No caso da eletricidade, diversas usinas também a fornecem ao grid elétrico. Quando se pensa na instalação de biorrefinarias, a primeira pergunta que se impõe é: qual (ou quais) o tipo de biomassa que se vai processar? A resposta condiciona os processos de que a biorrefinaria vai necessitar, bem como os produtos que serão obtidos. Neste Documento são estudadas as possibilidades de utilização de cinco espécies nativas do Brasil – macaúba, babaçu, carnaúba, mandioca e aguapé -como fontes de biomassa para biorrefinarias. Cada uma dessas espécies pode dar origem a uma gama de produtos de grande interesse para alimentação humana e animal e para uso como fertilizantes e insumos energéticos, como etanol, biogás, briquetes, etc. O Brasil tem amplas possibilidades de instalar biorrefinarias a partir de espécies vegetais nativas. O país detém entre 50 e 55 mil espécies de plantas, constituindo-se no país que concentra a maior biodiversidade vegetal do mundo, estimada em 20 a 25% da existente em todo o globo. É, portanto, natural, que a expansão na instalação de biorrefinarias venha a utilizar cada vez mais essas espécies. Para tanto, faz-se necessário o desenvolvimento de processos integrados para utilização das espécies nativas, de modo a aproveitar, com a máxima eficiência possível, os constituintes da biomassa e a energia que ela contém. A instalação de biorrefinarias que utilizem espécies nativas dará impulso a economias no setor rural brasileiro, com a geração de empregos e de renda. E também contribuirá para a sustentabilidade por produzir alimentos, fertilizantes e biocombustíveis mais próximos aos locais em que eles serão utilizados. Este Documento descortina alguns cenários para o aproveitamento das espécies de que trata e, certamente, nos leva a refletir sobre as possibilidades da utilização de muitas outras plantas nativas como fontes de biomassa para biorrefinarias. Boa leitura ! José Manuel Cabral de Sousa Dias - Chefe-geral substituto Embrapa Agroenergia.
Descrição:
O conteúdo é apresentado em onze capítulos: 1 - Introdução; 2 - Desconstrução e conversão da biomassa; 3 - Fontes nativas de biomassa do Brasil; 4 - Fontes de lipídeos; 5 - Fonte de lipídeos - Macaúba; 6 - Fonte de lipídeos - Babaçu; 7 - Fonte de lipídeo - Carnaúba; 8 - Fonte de carboidratos - Mandioca; 9 - Fonte de carboidratos - Aguapé; 10 - Desafios para aproveitamento das biomassas nativas; 11 - Referências.