Resumo:
Neste final de terceiro trimestre de 2009, vários indicadores apontam que o Brasil evitou a recessão, superou os impactos da crise financeira internacional e poderá assumir papel de destaque entre as principais economias mundiais. Porém, as disputas pelos mercados serão acirradas e o País terá de ir além de seus próprios limites para garantir sua competitividade nos mais diversos setores nos quais se destaca internacionalmente. O governo federal tem afirmado que prepara uma “agenda da competitividade”. Esta é uma excelente notícia, mas os setores empresariais querem debater essa pauta e apresentar sugestões. Entre elas, destacam-se a modernização das políticas industriais e das relações trabalhistas, medidas para regulamentação fundiária e a necessidade de expressivos investimentos em infraestrutura e logística. Para o setor, além das necessidades conjunturais já apresentadas, a principal questão estrutural é a desoneração dos investimentos e das exportações – hoje da ordem de 17% – que garantirá a isonomia em relação à concorrência. Ou seja, a aprovação da Reforma Tributária é imprescindível. No conjunto, são demandas fundamentais para atrair novos investidores e ampliar os investimentos das empresas do setor, para garantir as estratégias de crescimento. Outro dado que reforça a importância dessas demandas é que as exportações de celulose e papel, que em 2008 representaram, respectivamente, 56% e 19% da produção nacional, ainda tem potencial para crescer. Uma prova disso é que, no primeiro trimestre deste ano, quando o mundo estava mergulhado na crise, o setor inaugurou uma nova fábrica de celulose, cuja produção deverá chegar a 1,3 milhão de toneladas, e uma nova fábrica de papel, com capacidade de 200 mil toneladas. A meta das empresas do setor para 2009 é manter os patamares alcançados no ano passado. Até a publicação desse Relatório, o setor registrava crescimento na produção de celulose e papel, em relação ao ano passado, além do aumento das exportações de celulose e crescimento das vendas de papel no mercado interno. Entre os motivos que levaram a esse desempenho estão o fato de que muitas empresas em todo o mundo, com alto custo de produção durante a crise, tornaram-se obsoletas, fecharam ou fecharão definitivamente suas portas, e a opção da China por aumentar a compra de matéria-prima brasileira. Mesmo com esses resultados positivos, o grande desafio do setor em 2009 é melhorar os resultados financeiros, uma vez que a receita das empresas está abaixo dos níveis de 2008. Os dados apresentados no Relatório Anual 2008/2009 reforçam a tese de que o setor está preparado para atender às demandas mundiais e para ter liderança nos novos moldes da economia global que começa a se esboçar nesse período pós-crise. Seu desempenho, porém, dependerá da agilidade do governo federal em reduzir os gargalos que afetam fortemente a competitividade nacional.