No Brasil, boa parte dos plantios florestais tem sido realizada em áreas
nas quais o solo se encontra em algum grau de degradação física, química ou
biológica. A proteção fornecida pelas copas das árvores dessas plantações
florestais e pela cobertura do solo, em função da deposição de serrapilheira,
constitui um dos processos mais importantes na recuperação de áreas degradadas
e, como a matéria orgânica controla muitas das propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo, ela se caracteriza como um fator-chave na manutenção de
sistemas florestais. Neste contexto, este trabalho foi realizado com o objetivo
caracterizar a matéria orgânica como apoio à hipótese da formação de horizonte
superficial em solos sob cultivo mínimo de eucalipto. O estudo foi realizado em
hortos florestais (HFs) plantados com eucalipto no estado do Rio Grande do Sul.
As amostras foram coletadas em três hortos com diferentes históricos de uso, nas
profundidades de 0-5, 5-20 e 20-40 cm. Na profundidade de 0-5 cm, a maioria
dos Argissolos dos HFs apresentou teores de CO superiores aos de referência
(mata nativa adjacente), indicando a formação de um novo horizonte A devido
ao aporte de serrapilheira. Os Cambissolos do HF Canafístula não seguiram esta
tendência devido apresentarem um horizonte A húmico sob mata nativa
adjacente. Ocorreu um incremento nos teores de C-FAH na maior parte dos
solos dos HFs em profundidade, corroborando as obseravções e medições de
campo que apontaram para a ocorrência de um horizonte A enterrado. As
observações e medições de campo, os dados de CO e de fracionamento químico
da matéria orgânica do solo (C-FAH) evidenciaram a importância do cultivo
mínimo na busca da sustentabilidade da exploração florestal.
In Brazil, a substantial part of the forest plantations has been undertaken
in areas in which the soil presents some degree of physical, chemical or
biological degradation. The protection provided by tree canopy of forest
plantations and soil cover, as a function of the deposition of litter, is one of the
most important processes in the recovery of degraded areas, and as the organic
matter controls much of the physical, chemical and biological soil properties, it
is characterized as a key factor in the maintenance of forest ecosystems. In this
context, this study aimed to characterize the organic matter as support to the
hypothesis of the formation of surface horizon in soils under minimum
cultivation of eucalyptus. The study was conducted in forest gardens planted
with eucalyptus in Rio Grande do Sul. The samples were collected in three
gardens with different historicals of use, at 0-5, 5-20 and 20-40 cm depths. At
the 0-5 cm depth, the majority of Argisols (Ultisols) from the forest gardens
presented OC contents higher than those from the native vegetation (referential),
indicating the formation of a new A horizon due to the litter contribution. The
Cambisols (Inceptisols) of Canafístula garden did not follow this trend because
they present an humic horizon under native vegetation. These was an increment
in C-HAF in depth in the major part of the garden soils, corroborating the field
observations and measurements which pointed out for the occurrence of a buried
A horizon. The field observations and measurements, the OC and chemical
fractionation of organic matter (C-HAF) data evidenced the importance of the
minimum cultivation in searching the forestry exploration sustainability.