Vários estudos indicam a luz como o principal recurso determinante do número de espécies, crescimento, regeneração e reprodução das árvores presentes no sub-bosque das florestas tropicais maduras. Porém, estudos empíricos apresentam resultados contraditórios, tanto em relação à distribuição da luz na paisagem, quanto sobre seus efeitos na assembléia de plantas, o que dificulta a proposição de uma teoria robusta sobre o assunto. As divergências entre os estudos provavelmente estão relacionadas aos fatores naturais, como a arquitetura da floresta, a variação morfológica e ontogénetica das espécies, e a fatores técnicos, como a ineficiência de medidas indiretas e subjetivas da transmitância e a falta de controle das variáveis ambientais. Este estudo tem dois objetivos. (1) Comparar métodos de medida de luz e (2) testar se a variação da luz está relacionada com algumas variáveis ambientais em floresta de terra-firme da Amazônia. Para o primeiro objetivo, comparamos as medidas de luz oriundas de fotografias hemisféricas com medidas do sensor V:VL (vermelho vermelho-longo) para diferentes tamanhos de amostras. Além disso, testamos se número de registro influencia os valores de transmitância obtidos com o sensor. Em relação ao segundo objetivo, testamos se existe algum padrão de distribuição da luz relacionado à topografia, número de árvores ocupando o sub-bosque e a biomassa arbórea viva acima do solo. Coletamos os dados de transmitância em trechos de 250 metros em 23 parcelas, distantes 1 km entre si, distribuídas sobre a Reserva Ducke, Manaus. Não houve relação entre as fotografias hemisféricas e as medidas do sensor. Porém, existe uma forte relação entre os valores de transmitância obtidos com muitos e poucos registros. Ao contrário do sugerido em estudos anteriores que usaram categorias topográficas e uma categorização simplificada da luz em clareiras e não-clareiras, neste estudo, a transmitância não esteve relacionada com a topografia e tampouco com o número de árvores no sub-bosque. Por outro lado, a biomassa arbórea viva acima do solo foi uma preditora da variação da transmitância. Nesse sentido, em áreas com maior biomassa, o desvio padrão da transmitância é menor, enquanto que a transmitância em áreas com menor biomassa é espacialmente heterogêneo. Devido essa amplitude de variação em áreas de menor biomassa, os processos fisiológicos e os nichos relacionados à disponibilidade de luz podem ser mais variados em áreas de menor biomassa.
Several studies indicate that light is the main feature linked to the number of species, growth, regeneration and reproduction of trees in the understory of tropical old-growth forests. However, empirical studies show contrasting results, both in relation to the distribution of light in the landscape and its effects on plant assemblages, which hinders the formation of a robust theory on this subject. The differences between the studies are probably related to natural factors, such as the complex architecture of tropical forest and the ontogenetic variation of species, and technical factors, such as the inefficiency of indirect and subjective measurements of light and the lack of control for environmental gradients. This study has two main objectives. (1) Compare methods of light measurement and (2) test for some possible environmental gradients related to variations of light. For the first goal, we compared direct and indirect methods for measure light, sample sizes and sampling efforts in direct measurements. For the second goal, we tested whether there is any pattern of light distribution related to topography, number of trees occupying the understory and woody biomass. We collected the light data on 23 permanent plots of 250 meters (in length) and 1 km apart. No significant relationships were found between the photographs and direct measurements and sample sizes, but there is a strong correlation between the measurements obtained with low and with high sampling effort. Light was not related to topography, nor to the number of trees in the understory. The amount of light reaching the understory of the forest is not associated with topography, which was measured as a continuous variable. Our approach was different fron what was suggested in previous studies which used topographic categories and a simplified categorization of light in gaps and non-gaps. Unlike the topography, variation in light was related to biomass. Variation in light decrease from areas with less biomass to areas with higher biomass.