O grande interesse em conciliar a conservação da biodiversidade com a utilização econômica de florestas tropicais tem incentivado o aperfeiçoamento e a utilização de técnicas de manejo florestal para minimizar os impactos causados na floresta. Essas técnicas procuram viabilizar a manutenção de populações representativas de flora e fauna em áreas de exploração madeireira. Contudo, alterações na vegetação podem afetar a fauna, a exemplo de primatas, e assim comprometer a sustentabilidade de ecossistemas florestais à longo prazo. O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos diretos da exploração madeireira de baixo impacto sobre as populações de primatas e a estrutura física do hábitat na área da empresa Mil Madeireira, Itacoatiara, Amazonas, Brasil. Os levantamentos populacionais de primatas foram realizados através do método de transectos lineares em nove UPAs (Unidades de Produção Anual) com diferentes idades de exploração (1997- 2006), e d ois controles (áreas não-exploradas), com esforço amostral total de 352 km percorridos. A caracterização física do hábitat foi feita através de amostragem da proporção de abertura de dossel, estrutura física e densidade total de árvores. A estrutura física de árvores manteve-se semelhante em todas a áreas a s mostradas (UPAs e controles), com uma pequena diminuição na densidade total de árvores das UPAs quando comparadas com os controles. A abertura de dossel diminuiu em relação a tempo pós -exploração madeireira, devido à regeneração ao longo dos anos. Os efeitos diretos da exploração madeireira causaram pequenas modificações nas características físicas do hábitat, que parecem não influenciar a utilização das áreas exploradas pelas espécies de primatas. Além disso, a floresta está mantendo populações de espécies exigentes, como Ateles paniscus, que apresentou a maior abundância relativa. Estes resultados indicam que a exploração madeireira de baixo impacto, em um gradiente temporal de até 11 anos após o primeiro ciclo de corte, não afetou significativamente as populações de primatas e características estruturais do hábitat.
The great interest to reconcile biodiversity conservation with economic use of tropical forests has encouraged the further development and use of forest m anagement techniques to minimize the impacts caused in the forest. These techniques tend to facilitate the maintenance of flora and fauna representative population in logging areas. However, changes in vegetation can affect the wildlife, like primates, and hence to compromise forest ecosystems sustainability in the long term. The objective of this study was to evaluate the direct effects of low impact selective logging on primate populations and habitat physical structure in the area of Mil Madeireira Company, Itacoatiara, Amazonas, Brazil. The primate populations were sampled by linear transects method in nine compartments with different ages of exploration (1997-2006), and two non-operated compartments (controls). The characterization of the physical habitat was done by sampling the proportion of canopy openness, physical structure and total density of trees. The physical structure of trees has remained similar in all compartments sampled, with a small decrease in the total density of trees in logging compartments when compared with controls. The canopy openness decreased with post-time logging, due to regeneration over the years. The direct effects of logging have caused small changes in the habitat physical characteristics, which appear not to be influencing the use of the logging areas explored by primate species. Furthermore, the forest is maintaining populations of demanding species, as Ateles paniscus, which had the highest relative abundance. These results indicated that the low impact selective logging, in a gradient of 11 years after the first cutting cycle, did not affect significantly the population of primates and habitat structural characteristics.