A usina hidrelétrica de Tucuruí, na Amazônia Brasileira, foi construída como uma expressão da ideologia desenvolvimentista que marcou os grandes projetos governamentais, entre as décadas de 1960 e 1970, período da modernização conservadora brasileira. A barragem, no Rio Tocantins, inundou uma área de floresta tropical formando um grande lago onde surgiram mais de mil ilhas de diversos tamanhos. A partir de 1986 estas ilhas foram ocupadas por moradores oriundos de Tucuruí e das cidades localizadas a jusante da barragem e por parte da população deslocada de suas terras em função da construção da usina hidrelétrica. Embora desde 2002 o Lago de Tucuruí e suas ilhas constituam áreas protegidas, a disputa por recursos naturais, como peixe e madeira, tem gerado degradação ambiental e conflitos socioambientais envolvendo não somente comunidades que dali tiram sua subsistência, mas também interesses comerciais. Diante deste cenário, esta tese procura investigar e compreender: a) como a ação do Estado brasileiro, produzindo um território em apoio ao desenvolvimento econômico, age sobre atividades de subsistência previamente existentes e sua sustentabilidade; b) como este mesmo espaço, submetido a conflitos de uso, é novamente objeto da intervenção estatal, porém sob a ótica de uma experiência de gestão ambiental compartilhada, ainda em curso. O pressuposto metodológico adotado na análise é que o contexto socioeconômico e cultural, incluídos os aspectos ideológicos, condiciona propostas de planejamento, ações de gestão do território e do meio ambiente, bem como práticas socioespaciais. Essas, por sua vez, geram efeitos que alteram o meio ambiente e as relações sociais produzindo um cenário modificado, novas ações e novos resultados em um ciclo contínuo. Em Tucuruí, a percepção do empreendimento pela população afetada parece não ter sido de desenvolvimento, mas de uma intervenção arbitrária geradora de impactos locais. Estes motivaram práticas socioambientais, como as ocupações informais das ilhas, entendidas não somente como uma estratégia de resistência da população excluída dos benefícios do empreendimento, mas também como uma reconstrução social de seus territórios anteriores. Os achados indicam que há limitações e contradições inerentes ao desafio do desenvolvimento sustentável que condicionam o alcance do almejado acordo social para a ocupação sustentável das ilhas do Lago de Tucuruí, um objetivo ainda em construção. Contudo, fica claro que quanto mais integradas forem as soluções adotadas, aliando conservação ambiental, política social e desenvolvimento econômico, maiores serão as chances de êxito do modelo de sustentabilidade buscado.
The large-scale hydroelectric dam of Tucuruí in the Brazilian rainforest was built as an expression of the development ideology that marked the large governmental projects between the nineteen sixties and the nineteen seventies, during the conservative modernization period in Brazil. The dam, on the Tocantins river, flooded an area of tropical forest forming a large lake where more than one thousand islands of various sizes appeared. Since 1986 these islands have been occupied by people from Tucuruí and other cities located along the river downstream of the dam and by part of the population displaced from their lands by the construction of the dam. Although the Tucuruí Lake and its islands constitute protected areas since 2002, the dispute for resources, such as fish and wood, has generated environmental degradation and social- environmental conflicts involving not only subsistence communities but also commercial interests. Considering this scenery this thesis aims to investigate and to understand : a) how actions of the Brazilian State to produce a territory to support economic development act upon previously existing subsistence activities and their sustainability; b) how this same space, under conflicts of use, is again the object of State intervention by means of an experience of shared environmental management, still in course. The methodological assumption in the analysis states that the socioeconomic and cultural context, including ideological aspects, conditions planning proposals, territorial and environmental management actions, as well as sociospacial practices. These results, in turn, generate effects that modify both the environment and the social relations producing a modified scenario, new actions and new results in a continuous cycle. In Tucuruí, the perception of the affected population about the government enterprise seems to have been not one of a widespread development, but one of an arbitrary intervention generating local impacts. These appear as motivating sociospacial practices like the informal occupation of the islands, which can be understood not only as a strategy of resistance of the population excluded from the benefits of the development project but also as the social reconstruction of their former territories. The findings indicate that it has inherent limitations and contradictions in the challenge of sustainable development that conditionate the reach of the desirable social agreement for the sustainable occupation of the islands of the Lake of Tucuruí, a goal still under construction. However, it is clear that the more integrated the adopted solutions are, harmonizing environmental conservation, social politics and economic development, the greater will be the possibilities of success of the sustainable model looked for.
La central hidroeléctrica de Tucuruí, en la Amazonia Brasileña, ha sido construida bajo la ideología desarrollista que ha marcado los grandes proyectos gubernamentales, entre las décadas de 1960 y 1970, periodo de la modernización conservadora brasileña. La represa en Río Tocantins inundó un área de floresta tropical formando un gran lago donde surgieron más de miles de islas de diversos tamaños. A partir de 1986 estas islas fueron ocupadas por habitantes oriundos de Tucuruí y de las ciudades localizadas río abajo de la represa y por parte de la población desplazada de sus tierras en función de la construcción de la represa. Aunque desde 2002 el Lago de Tucuruí y sus islas constituyan áreas protegidas, la disputa por los recursos naturales, como pescado y madera, ha generado degradación ambiental y conflictos socioambientales envolviendo no solamente comunidades que sacan de allí su subsistencia, pero también actividades comerciales. Considerando este escenario, esta tesis busca investigar y comprender: a) como la acción del Estado brasileño, produciendo un territorio en apoyo a el desarrollo económico, actúa sobre actividades de subsistencia previamente existentes y su sostenabilidad ; b) como este mismo espacio, sometido a conflictos de uso, es nuevamente objeto de la intervención estatal, sin embargo bajo la óptica de una experiencia de gestión ambiental compartida, aún en curso. La presuposición metodológica adoptada en el análisis es que el contexto socioeconómico y cultural, incluidos los aspectos ideológicos, condiciona las propuestas de planificación, las acciones de gestión del territorio y del medio ambiente, así como las prácticas socioespaciales. Estas, por su parte, generan efectos que alteran el medio ambiente y las relaciones sociales, produciendo un escenario modificado, nuevas acciones y nuevos resultados en un ciclo continuo. En Tucuruí, la percepción de la iniciativa por la población afectada parece no haber sido de desarrollo, pero de una intervención arbitraria generadora de impactos locales. Estos motivaran prácticas socioambientales como las ocupaciones informales de las islas, entendidas no solamente como una estrategia de resistencia de la población excluida de los beneficios del emprendimiento, pero también como una reconstrucción social de sus territorios anteriores. Los hallazgos de investigación indican que hay limitaciones y contradicciones al desafío del desarrollo sostenible que condicionan el alcance del anhelado acuerdo social para la ocupación sostenible de las islas del Lago de Tucuruí, un objetivo aún en construcción. Pero, se queda claro que cuanto más integradas sean las soluciones adoptadas, aliando conservación ambiental, política social y desarrollo económico, mayores serán las oportunidades de éxito del modelo de sostenibilidad deseado.
Le barrage hydroélectrique de Tucuruí dans la forêt tropicale brésilienne a été construit comme expression de l'idéologie de développement qui a marqué les grands projets gouvernementaux entre les dix-neuf années '60 et les dix-neuf années '70, pendant la période conservatrice de modernisation au Brésil. Le barrage, sur le fleuve de Tocantins, a inondé un secteur de forêt tropicale formant un grand lac où plus de mille îles de diverses tailles sont apparues. Depuis 1986 ces îles ont été occupés par des personnes de Tucuruí et d'autres villes situées le long du fleuve en aval de le barrage et par une partie de la population déplacée de leurs terres par la construction du barrage. Bien que le lac Tucuruí et ses îles constituent des secteurs protégés depuis 2002, le conflit pour des ressources, telles que les poissons et le bois, a produit de la dégradation environnementale et des conflits social-environnementaux impliquant non seulement les communautés de subsistance mais également des intérêts commerciaux. Considérer ce paysage cette thèse vise à étudier et comprendre : a) comment actions de l'état brésilien produire un territoire pour soutenir l'acte de développement économique sur des activités précédemment existantes de subsistance et leur durabilité ; b) comment cet même espace, sous des conflits d'utilisation, est encore l'objet de l'intervention d'état au moyen d'une expérience de gestion environnementale partagée, toujours dans le cours. La prétention méthodologique dans l'analyse déclare que le contexte socio-économique et culturel, y compris des aspects idéologiques, conditionne les actions de propositions de planification, territoriales et environnementales de gestion, aussi bien que des pratiques sociospacial. Ces résultats, à leur tour, produisent des effets qui modifient l'environnement et les relations sociales produisant un scénario modifié, de nouvelles actions et de nouveaux résultats dans un cycle continu. Dans Tucuruí, la perception de la population affectée au sujet de l'entreprise de gouvernement semble ne pas avoir été une d'un développement répandu, mais une d'une intervention arbitraire produisant des impacts locaux. Ceux-ci apparaissent en tant que motivation des pratiques sociospacial comme le métier sans cérémonie des îles, qui peuvent être comprises non seulement pendant qu'une stratégie de la résistance de la population exclue des avantages du projet de développement mais également comme reconstruction sociale de leurs anciens territoires. Les résultats indiquent qu'elle a des limitations et des contradictions inhérentes dans le défi du développement soutenable qui conditionate l'extension de l'accord social souhaitable pour le métier soutenable des îles du lac de Tucuruí, un but toujours en construction. Cependant, il est clair que plus les solutions adoptées soient plus intégrées, conservation environnementale d'harmonisation, politique sociale et développement économique, le plus grand sera les possibilités de succès du modèle soutenable recherché.