Saberes tradicionais do cerrado são parte do legado cultural dos moradores da Vila São Jorge, Chapada dos Veadeiros – GO, herdados a partir da interação de homens e mulheres com uma inigualável biodiversidade natural. A criação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em 1961, somada ao processo modernizador voltado para aquela região, casou mudanças no modo de vida daquela comunidade tradicional, formada por garimpeiros, lavradores, sitiantes e fazendeiros que tiveram seus saberes silenciados, frente à chegada de novos valores. Com a intenção de desvelar esses silêncios, trago neste estudo vozes e experiências desses homens e mulheres, a partir de um enfoque teórico-metodológico que trabalha com memórias e narrativas. Busquei esse referencial porque acredito que o passado lembrado tem um caráter ilimitado, uma profusão de sentidos, que ao serem trazidos para o presente, tornam possível (re)escrever histórias e contemplar visões omitidas. Narrativas dos moradores da Vila São Jorge traduzem histórias, tensões, saberes, conflitos, sonhos, alegrias, desejos, que estão presentes ao longo desse estudo. Essas narrativas foram analisadas também de modo a identificar como, no contexto atual, aquela comunidade tradicional relaciona-se com o Parque Nacional e as mudanças introduzidas, revelando vontades de deixar marcas de seus saberes e desejos de intercambiar experiências. Projetos, estratégias e propostas desses grupos questionam as contradições que sustentam o modelo de gestão dos parques nacionais. Interpretações a partir do estudo desses saberes tradicionais, compartilhados pelos moradores da Vila São Jorge, revelam que a sustentabilidade não pode ser entendida como algo abstrato, deve ser pensada para homens, mulheres e natureza, valorizar memórias e considerar que as tradições se reinventam no desejo de legar a outras gerações saberes e experiências.
Traditional knowledge from Cerrado is part of the cultural inheritance of the dwellers in Vila São Jorge, Chapada dos Veadeiros – GO, inherited from men and women’s interaction with a unique natural biodiversity. The creation of the Park National of Chapada dos Veadeiros in 1961 added to the modernizing process turned to that region, caused changes in the way of living of that traditional community, composed by gold seekers, ploughmen, besiegers and farmers, who had their knowledge silenced before the arrival of new values. With the intention of uncovering such silences, I bring, in this study, voices and experiences of those men and women from a theoretical and methodological focus that work with memories and narratives. I searched for such referential because I believe that the remembering past has a limited character that had its knowledge silenced, a profusion of senses that is being brought to the present, it becomes possible to (re)write histories and contemplates omitted visions. The narratives from the dwellers of Vila de São Jorge translate histories, tensions, knowledge, conflicts, dreams, delights, wishes that are present along this study. Those narratives were also analyzed in a way to identify how in the present context, that traditional community relates to the National Park and the changes introduced, revealing wishes to perpetuate marks of its knowledge and wishes of interchanging experiences. Projects, strategies and proposals of those groups question the contradictions that sustain the pattern of the National Park management. Interpretations from the study of those traditional knowledge, shared by the Vila de São Jorge dwellers, reveal that the sustainability cannot be understood as something abstract, it must be thought for men, women and nature in their cultural contexts, valorize memories and consider that the traditions are reinvented in the wish to leave the other generations knowledge and experiences.
Les savoir-faire traditionnels du Cerrado composent l’heritage culturel des habitants du village São Jorge, Chapada dos Veadeiros-GO. Ils ont été acquis à partir d’une interaction d’hommes et femmes avec une incomparable biodiversité naturel. La création du Parque National de la Chapada dos Veadeiros, em 1961, et le processus de modernisation établi pour cette région a provoqué des changements considerables à la manière de vivre de cette communauté traditionnelle. Celle-ci est formée par des orpailleurs, des laboureurs, des campagnards et de femiers qui ont vu leurs savoir- faire se taire face à l’arrivée des nouvelles valeurs sociales. Avec l’intention de ressuciter cette sagesse, j’apporte dans cet étude les paroles et les expériences de ces individus. À partir d’une vision théorique et méthodologique qui travaille des souvenirs et des discours. J’ai fait appel à ce référentiel car je crois que le passé rappellé posséde un caractère illimité accompagné de plusieurs sens. Cela ramené au présent rend possible réécrire les histoires et contempler des visions masquées. Les discours des habitants du village São Jorge exposent des histoires, des tensions, des savoir-faire, des conflits, des rêves, de la joie, des désirs qui sont présent tout au long de cet étude. Ces discours ont été analysés de façon à identifier de quelle manière, dans le contexte actuel, cette communauté traditionnelle se porte en relation avec le Parque National mais aussi avec tout les changements introduits. Exposant, donc, leur volonté de perpétuer leurs sagesses et le désir d’échanger des expériences. Les projets, les stratégies et les propositions de ces groupes questionnent les contradictions qui soutiennent le modèle de gestion des parques nacionaux. Les interprétations obtenues à partir de l’étude de ces savoir-faire traditionnels dévoilent que le développement durable ne peut-être compris comme quelque chose abstrait mais doit être pensé pour hommes, femmes et nature dans leur contexte culturel. De même il doit valoriser la mémoire et considérer que les traditions sont recréées à partir du désir de laisser comme héritage aux autres générations des savoir-faire et des expériences.