A distinção entre quais espécies são raras e quais são comuns é fundamental tanto em pesquisa como em conservação. Entretanto a definição das categorias de raridade é frequentemente resultante de uma combinação entre a realidade biológica, processos relacionados à amostragem e percepções subjetivas. A maioria de trabalhos sobre populações de aves não apresentam medidas de precisão associadas as estimativas de parâmetros populacionais e não consideram que as espécies são detectadas de forma imperfeita e portanto essas estimativas são baseadas em uma fração da verdadeira população. Nesse contexto testamos se as categorias de raridade baseadas nas percepções dos ornitólogos se sustentam quando é estimada a ocorrência das espécies considerando uma detectabilidade imperfeita. Foram selecionados dez pares de espécies em que os membros são filogeneticamente aparentados e um é hipoteticamente mais raro que outro. Em três ocasiões diferentes ao longo de um ano dez observadores amostraram as espécies-alvo em uma área de 760 ha de mata primária de terra firme, utilizando a técnica de pontos de escuta. As técnicas de playback e gravações autônomas também foram utilizadas como abordagens complementares. Os observadores foram previamente treinados em identificação de aves e avaliados através de um programa computacional livre que trabalha com técnicas de memorização. Não foi possível refutar a hipótese de que as espécies raras tem ocorrência tal alta quanto as espécies consideradas comuns pois, existem somente, evidências óbvias de diferenças de raridade em cinco pares de espécie e dessas, apenas Dendrocolaptes picumnus e Cyphorhinus arada ocorrem em menos de 50% dos pontos amostrais. Embora as categorias de raridade advindas da percepção dos ornitológos não tenham classificado uma espécie realmente rara como sendo comum fica claro que a categorização de uma espécie deve se basear em uma medida quantitativa associada a uma medida de precisão. Nossos resultados indicam que nem sempre uma espécie mais rara é mais díficil de detectar, entretanto fatores relacionados à amostragem podem influenciar a probabilidade de detecção diferentemente para cada espécie. Essas medidas quantitativas da raridades das espécies são informações consistentes e essenciais para o sucesso de qualquer ação de manejo. Assim tanto em pesquisa quanto em manejo que dependem de uma correta classificação de raridade, nós recomendamos o uso de métodos quantitativos que forneçam o grau de confiabilidade e que lidem com a detectabilidade imperfeita das espécies.
The distinction between rare and common species is fundamental in research and management decisions. Nevertheless the definition of these categories often relies on a mix of sampling methods, biological processes and subjective impressions. Most studies that used field sampling techniques to count landbirds failed to present measures of precision and do not account to imperfect detectability, in that way this counts are based in a fraction of true population. We tested if classifications of bird rarity based on ornithologist’s perceptions are the same when we estimated occupancy accounting for imperfect detection. We selected ten species pairs whose members are related phylogenetically and one member is reported to be rarer than the other. On three different occasions 760 ha of primary terra-firme forest was sampled by 10 observers with point counts. Playback and autonomous recorder was used as complementary approach. All observers were trained and evaluated using memory-improvement software. It wasn’t possible refute the hypothesis that rarer species occur in higher proportion of places as common species because only five pairs showed a clear difference in rarity and all were in the direction predicted by existing literature. Only two of these, Dendrocolaptes picumnus and Cyphorhinus arada, are genuinely rarer species and occupy less than 50% of sampling points. Although published rarity classifications never mistook a genuinely rarer species to be more common than its pair,ours results gather clear evidence that distinction between rare and common species must be based in quantitative measures that account for detection probabilities and that presents measures of precision. Because species rarity figures so prominently in landbird conservation, it is essential that researches and managers attempt to provide reliable information. Thus, in research and management that depend on correct rarity classification, we recommend the use of quantitative methods with calculated confidence intervals and that dealing with imperfect detections.