O Brasil abriga aproximadamente 19% da flora mundial, o que corresponde a
aproximadamente 60.000 espécies de plantas. Entre seus biomas destaca-se a Mata Atlântica,
que é um dos mais diversos do mundo em espécies vegetais. Aproximadamente 53% das
espécies arbóreas encontradas na Mata Atlântica são endêmicas. Muitas destas plantas, no
entanto, encontram-se ameaçadas de extinção, sendo a fragmentação florestal, a competição
com espécies exóticas invasoras e a intensa exploração as maiores causas de ameaça. As listas
vermelhas de espécies ameaçadas auxiliam na identificação das espécies com algum nível de
ameaça e das possíveis causas dessas ameaças, sendo um importante instrumento para
provocar políticas públicas para conservação e manejo. O objetivo deste estudo foi ampliar o
conhecimento sobre as espécies arbóreas da Mata Atlântica presentes nas Listas da Flora
Brasileira Ameaçadas de Extinção, através de uma revisão das mesmas. Em cada lista foi
levantado o número de espécies arbóreas, suas famílias botânicas, a categoria de ameaça e em
que estados ocorrem. Foram analisadas quatros Listas da Flora Brasileira Ameaçada de
Extinção (1968, 1980, 1992 e 2008), sendo encontradas espécies de hábito arbóreo apenas nas
duas últimas. A proporção de árvores ameaçadas na Mata Atlântica passou de 25,3% (n = 22)
na listagem de 1992, para 29,3% (n = 80) em 2008. As famílias com maior número de árvores
ameaçadas em 1992 foram Monimiaceae e Chrysobalanaceae, que totalizaram 45,5% do total
de espécies. Em 2008 as famílias em ordem decrescente do número de árvores ameaçadas
foram Myrtaceae, Fabaceae e Lauraceae, com 40% das espécies. O grande número de
espécies ameaçadas nestas famílias está associado ao potencial econômico das mesmas e à
abundância dessas famílias no bioma. Apenas três categorias de ameaça foram consideradas
em 1992 (rara, vulnerável e em perigo), sendo rara a com maior número de espécies. Em 2008
observamos duas espécies arbóreas extintas na natureza, uma extinta, 39 vulneráveis, 30 em
perigo, oito em perigo crítico e 109 consideradas deficientes em dados pelo Ministério do
meio Ambiente. A região sudeste foi a que teve o maior número de árvores ameaçadas, com a
maior proporção das mesmas sendo encontrada no estado do Rio de Janeiro. O nordeste do
Brasil foi a segunda região em número de espécies, devido principalmente ao estado da Bahia.
O número de espécies ameaçadas por estado não foi afetado pela proporção de vegetação
remanescente nos mesmos, demonstrando a influência de outros fatores, como a
superexploração. Os resultados encontrados demonstraram a necessidade de medidas efetivas
para proteção tanto das espécies quanto de sua área de ocorrência, especialmente nas regiões
mais críticas, como é o caso do sudeste e dos estados que comportam um grande número de
espécies com área de distribuição restrita. Cabe destacar ainda a necessidade de mais
pesquisas neste bioma, apesar do mesmo ser um dos mais estudados, já que para muitas
espécies informações básicas sobre sua ecologia e outros aspectos não estão disponíveis.
Brazil is home to approximately 19% of the world's flora, which corresponds to
approximately 60,000 plant species. Among its highlights are the biomes Atlantic Forest,
which is one of the world's most diverse plant species. Approximately 53% of tree species
found are endemic in the Atlantic. Many of these plants, however, are threatened with
extinction, forest fragmentation, competition from invasive alien species and intense
exploration of the major causes threat. The red list of threatened species aid in the
identification of species with some level of threat and possible causes of these threats, an
important tool to bring about public policies for conservation and management. The objective
of this study was to expand knowledge about the Atlantic Forest tree species present in the
lists of Endangered Brazilian Flora, through a review of them. In each list has raised the
number of tree species, their botanical families, the category of threat, and states in which
they occur. We analyzed four Brazilian Lists of Endangered Flora (1968, 1980, 1992 and
2008), woody species found only in the last two. The proportion of trees in threatened Atlantic
Forest rose from 25.3% (n = 22) in the list of 1992 to 29.3% (n = 80) in 2008. Families with
more trees in 1992 were threatened and Chrysobalanaceae Monimiaceae, which totaled 45.5%
of the total species. In 2008 families in order of number of trees were threatened Myrtaceae,
Lauraceae and Fabaceae, with 40% of the species. The large number of threatened species in
these families is linked to the economic potential of these and the abundance of these families
in the biome. Only three threat categories were considered in 1992 (rare, vulnerable and
endangered), is rare in most species. In 2008 we found two tree species extinct in the wild,
extinct, 39 vulnerable, 30 endangered, eight critically endangered and 109 considered data
deficient by the Ministry of Environment. The southeast region was the one with the largest
number of endangered trees, with the largest proportion of these being found in the state of
Rio de Janeiro. The northeast of Brazil was the second region in number of species, mainly
due to the state of Bahia. The number of threatened species per state was not affected by the
proportion of remaining vegetation in them, demonstrating the influence of other factors such
as overexploitation. The results demonstrated the need for effective measures to protect both
the species and its range, especially in critical regions, such as the southeastern states and
encompasses a large number of species with restricted distribution area. It should also
highlight the need for more research in this biome, although even be one of the most studied,
since for many species basic information about their ecology and other aspects are not
available.