Diversas populações dependem da exploração de recursos vegetais locais, entretanto poucos estudos avaliaram as formas de extração dos recursos vegetais, bem como os impactos dessa prática. Esse estudo avaliou o conhecimento, uso e exploração de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, “angico”, por uma comunidade rural em Pernambuco, Brasil. O presente trabalho ainda se apropriou da Teoria do Forrageamento Ótimo para detectar possíveis padrões na exploração de casca e no corte seletivo. Foram registrados as indicações, formas de utilização, partes exploradas e zonas de recursos de A. colubrina. A densidade e os eventos de extração na “serra”, nos “terrenos” e no “pé de serra”, três zonas de recurso reconhecidas localmente, foram registradas e a estrutura populacional em uma área de coleta foi utilizada para inferir sobre os impactos indiretos da exploração. Foram registrados 27 usos, sendo a categoria medicinal a mais saliente. 53 informantes (52,47%) afirmaram que conhecem A. colubrina, entretanto não necessariamente a usam efetivamente. Nesse sentido, uso efetivo e o conhecimento não estão relacionados na comunidade, ou seja, as citações de uso não podem ser utilizadas como medida indireta de pressão de uso. As partes mais exploradas são a “casca” e o “caule” e as principais zonas de coleta são os “quintais” e a “serra”. Dos 1040 indivíduos de A. colubrina registrados, 70 apresentaram sinais de extração. A estrutura populacional se adéqua ao modelo do “J-invertido”, sugerindo que a população é estável e que a extração realizada não compromete a sua viabilidade. Os resultados sugerem que a distância de cada local de coleta determina o processo de extração, evidenciando que os moradores minimizam o tempo e a energia gasta na coleta de A. colubrina. A disponibilidade ambiental de cada local parece não influenciar a exploração. Para a extração de casca a variável otimizada é a quantidade do recurso. A distância dos indivíduos de “angico”, o tempo de manejo e o teor de taninos não influenciam a extração de casca.
Many local populations depend on the harvesting of plant resources; however few studies evaluated the ways of extraction of plant resources, as well as the impacts of this practice. This study evaluated the knowledge, use and harvesting of Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, “angico”, by a rural community in Pernambuco, Brazil. The present work also used the optimal foraging theory to detect possible patterns on bark harvesting and selective logging. The indications, forms of use, harvested parts and collection areas of A. colubrina were recorded. Density and extraction events in three locally recognized resource areas were recorded and the population structure of a collection area was used to claim about indirect harvesting impacts. Twenty-seven uses were recorded and the most salient category was the medicinal. 53 respondents (52,47%) said that they use A. colubrina, although knowledge and use are not correlated in the community. The most harvested parts are the bark and stem, and the main collection areas are the homegardens and the oldest forest. From the 1040 recorded individuals of A. colubrina, 70 presented sings of extraction. Population structure fits on the reverse-J model, what suggests that population is stable and that the extraction does not damage its viability. Results suggest that distance from each collection area determines the collection process, showing that dwellers minimized time and energy spent on collection of A. colubrina. Availability in each place does not seem to influence on harvesting. The amount of the resource is the optimized variable to the bark extraction. The distance from the individuals, management time, and tannin concentration do not influence bark extraction.