Praticamente todos os povos do mundo fazem uso de plantas medicinais, ou seus derivados, para o tratamento de doenças. No Brasil, essas plantas têm sido componentes de produtos industrializados que são comercializados em farmácias, casas de produtos naturais e supermercados, sob a designação de fitoterápico ou droga vegetal. Tendo em vista que a boa qualidade é um requisito para assegurar a eficácia e a segurança dos produtos, e que a maioria das plantas medicinais nativas comercializadas no Brasil são obtida de populações silvestres, o presente trabalho teve por finalidade avaliar a qualidade de produtos a base de espécies vegetais medicinais e estabelecer prioridades de conservação para as plantas medicinais nativas de valor comercial. Realizou-se um levantamento dos produtos à base de plantas medicinais, provenientes de indústrias de várias partes do país, comercializados em 54 estabelecimentos comerciais da cidade do Recife-PE. Em cada estabelecimento foi aplicada uma ficha padronizada com informações sobre o nome comercial do produto, a composição vegetal, a forma farmacêutica, as indicações terapêuticas e o laboratório. A avaliação de 10 amostras de castanha-da- índia, 11 de capim-santo e seis de centela foi realizada com base nos critérios estabelecidos pela Farmacopéia Brasileira e legislação específica; a prioridade para a conservação das plantas medicinais nativas foi dada de acordo com o Índice de Valor de Importância (IVI), que é baseado na Importância Relativa (IR) e no Índice de Sensibilidade (IS). No primeiro trabalho constatou-se a ausência das informações obrigatórias em 92,59% das amostras e um elevado teor de impurezas, em 59,26% dos produtos analisados. Apesar disso, todas as amostras foram consideradas autênticas com base nos testes fitoquímicos e farmacobotânicos. Constata-se que, além dos produtos comercializados carecerem de informações e qualidade adequadas, há necessidade urgente de uma fiscalização efetiva por parte dos órgãos competentes. No segundo trabalho, foi registrado um total de 74 espécies nativas usadas em mais de 300 tipos de produtos. Doze espécies apresentaram grande versatilidade, das quais 58,33% foram árvores. Há o predomínio da coleta destrutiva (58,11%) e de táxons coletados exclusivamente da natureza (86,49%). O uso intensivo de espécies unicamente silvestres e a coleta de forma destrutiva são problemas sérios que ameaçam e comprometem a disponibilidade desses recursos.
Almost all the world’s populations use medicinal plants, or their derivates, for the treatment of illnesses. In Brazil, these plants have been compounds of industrialized products that are commercialized in drugstores, natural product stores and supermarkets, under the designation of phytotherapic or vegetal drug. Considering that good quality is a requirement to ensure product’s efficacy and security, and that most of native medicinal plants commercialized in Brazil are acquired from wild populations, the present study aimed, in the first article, to evaluate the quality of medicinal plant-based products, and in the second article, to settle priorities for conservation to native medicinal plants with commercial value. It was made a survey of the medicinal plant-based products, coming from industries all over the country, commercialized in 54 commercial establishments from Recife-PE. In each establishment it was applied a standardized sheet with information about the product’s commercial name, plant composition, pharmaceutical form, therapeutic indications and the laboratory. The evaluation of 10 samples of horsechestnut, 11 of lemongrass and six of gotu kola was preceded based on the criteria established by Farmacopéia Brasileira and specific legislation; the priority for conservation, of the native medicinal plants, was given according to Importance Value Index (IVI), which is based on the Relative Importance (RI) and on the Sensitivity Index (SI). In the first work it was verified the absence of obligatory data in 92.59% of the samples, and a high impurity content in 59.26% of the analyzed products. In spite of this, all samples were considered authentic based on phytochemical and pharmacobotanical tests. It was verified that, besides the commercialized products lack adequate data and quality, there’s an urgent need of an effective supervision from the component organs. In the second work, it was registered 74 native species that are used in more than 300 types of products. Twelve species presented high versatility, of which 58.33% were trees. There is predominance of destructive collection (58.11%) and of taxa collected only from nature (86.49%). Intensive use of uniquely wild species and the destructive form collection are serious problems that threat and compromise this resource’s availability.