A dieta do Lobo-guará foi estudada entre outubro de 2010 a setembro de 2011 na Floresta
Nacional de Brasília - área 01, uma Unidade de Conservação localizada no Distrito Federal, Brasil. A
área é caracterizada por um mosaico de plantios de Eucalipto e Pinus e fragmentos de
fitofisionomias do bioma Cerrado. Foram coletadas 117 amostras fecais, ao longo de 1.632 km de
transectos percorridos durante as estações seca e chuvosa. Foram identificados 32 itens
alimentares, sendo 15 de origem animal, 16 de origem vegetal e lixo. Dentre os itens animais foram
identificados 13 ordens e 15 famílias. Dentre os itens de origem vegetal foram identificadas 10
ordens e 11 famílias. As angiospermas representaram cerca de 46% dos itens mais consumidos,
seguidos de mamíferos (22,22%), aves (20,51%), lixo (5,13%), insetos (2,56%), gimnospermas e
répteis (1,71% cada). Considerando os itens alimentares mais importantes na dieta do lobo-guará,
a lobeira (Solanum lycocarpum) e capim, roedores, tatus e tinamídeos, lixo, folhas e galinhas foram
os itens mais importantes. A dieta apresentou predomínio de itens vegetais (50%) em relação aos
itens animais (46,9%) e lixo (3,1%). A riqueza de itens encontrados foi menor na estação seca que
na estação chuvosa (29). A dieta do lobo-guará na FNB-01 não apresentou variação na frequência
de consumo de itens alimentares em função das estações do ano, variando somente entre as
categorias de itens. O item mais importante na dieta do lobo-guará no presente estudo foi a
lobeira (Solanum lycocarpum) seguido de capim, roedores, tatus, tinamídeos e lixo,
respectivamente. A largura de nicho total encontrada foi de 0,519 sugerindo uma dieta
intermediária entre hábitos especialistas e generalistas. A largura de nicho na estação seca (0,3489)
foi menor que na estação chuvosa (0,5921) indicando hábitos mais especialistas na estação seca e
hábitos mais generalistas na estação chuvosa. Houve alto consumo de lixo, tanto em relação aos
demais itens alimentares (5,13%), quanto em relação à frequência mensal (41,67%), sugerindo
consumo de alimentos e lixo deixados por visitantes da FNB, bem como de moradores do entorno
da unidade de conservação.
The diet of the maned wolf was studied between October 2010 to September 2011 in Brasilia
National Forest - Area 01, a conservation area located in the Federal District, Brazil. The area is
characterized by a mosaic of plantations of Eucalyptus and Pinus, and fragments of Cerrado
physiognomies. 117 fecal samples were collected along 1632 km of transects covered during dry
and rainy seasons. We identified 32 food items, 15 animal, 16 vegetable and urban waste. Among
animal items were 13 orders and 15 families. Among the items of plant origin have been identified
10 orders and 11 families. The angiosperms represented about 46% of the items most frequently
consumed, followed by mammals (22.22%), birds (20.51%), garbage (5.13%), insects (2.56%),
reptiles and gymnosperms ( 1.71% each). Considering the most important food items in the diet of
the maned wolf, the lobeira (Solanum lycocarpum) and grass, rodents, armadillos and tinamídeos,
garbage, leaves and chickens were the most important. The diet was dominated by plant items
(50%) in relation to animal items (46.9%) and Garbage (3.1%). The wealth of items found in the
dry season was lower than in the rainy season (29). The diet of maned wolf in the FNB-01 did not
change in frequency of consumption of food items according to the seasons, varying only between
the categories of items. The most important item in the diet of maned wolf in this study was the
lobeira (Solanum lycocarpum) followed by grass, rodents, armadillos, tinamídeos and garbage,
respectively. The total niche width was found to be 0.519 suggesting a diet habits intermediate
between specialists and generalists. The niche breadth in the dry season (0.3489) was lower than in
the rainy season (0.5921) indicating specialists habits in the dry season and more generalist habits
in the rainy season. A high consumption of garbage, both in relation to other food items (5.13%),
and in relation to monthly frequency (41.67%), suggest consumption of food and garbage left by
visitors to the FNB, as well as residents from around the conservation unit.