Resumo:
Apresentamos informações sobre a atividade, dimorfismo sexual, reprodução e dieta de
Bothrops itapetiningae. Todos os espécimes analisados foram provenientes de coleções
científicas. A espécie foi registrada em todos os meses do ano, sendo mais frequente entre o meio
da estação chuvosa e início da seca. Somente os jovens foram significativamente mais registrados
na estação chuvosa, provavelmente por ser o período em que ocorrem os nascimentos e eles ainda
estão mais vulneráveis. Machos apresentam caudas relativamente mais longas, mas fêmeas são
maiores e possuem cabeça mais longa. Das 99 fêmeas analisadas, o número de embriões variou
entre 3 e 11 (média: 5,8 e desvio-padrão: 2,9) e a fecundidade das fêmeas está relacionada à
circunferência do corpo. O ciclo reprodutivo é sazonal e bienal, com nascimentos na estação
chuvosa. A dieta é generalista e os itens consumidos são mamíferos, lagartos, anfíbios, aves e
quilópodes, sem diferenças relacionadas à estação, sexo ou ontogenia. No entanto, o pequeno
tamanho corporal de Bothrops itapetiningae pode ter evitado uma completa especialização em
mamíferos e limitado a fecundidade, a qual é menor que a de todas as espécies estudadas do
gênero. Dados como reprodução e atividade sazonal, dieta generalista e dimorfismo sexual com
fêmeas maiores, com cabeças maiores e machos com caudas maiores refletem condições
plesiomórficas, amplamente distribuídas no gênero Bothrops. Entretanto, a menor fecundidade do
gênero torna a espécie mais sensível e vulnerável, principalmente somando-se ao fato da espécie
ser especialista em habitats de áreas abertas, que são as mais desmatadas atualmente e por ser
sensível à alterações antrópicas. Assim, utilizar o conhecimento aqui apresentado é essencial para
o manejo e conservação de B. itapetiningae.