Em três povoamentos de Eucalyptus grandis na região norte do Estado de São Paulo, foi realizado um estudo com objetivo de conhecer a dinâmica espaço-temporal do cancro basal, quantificar os danos no volume e efeito na qualidade da madeira. Foram instaladas nove parcelas de 7500 m2, com 1000 árvores de E. grandis, procedência Santa Rita do P. Quatro-SP, origem Coffs Harbour, dos plantios seminais em solos de areia franca AQ1, AQ3 (10 a 15% de argila) e textura franco-argila-arenosa LEm2 (26 a 35% de argila). As avaliações foram realizadas em nove mil árvores com idade de dois anos. A incidência foi monitorada individualmente de acordo com a presença ou ausência da doença e a severidade, mediante o uso de uma escala diagramática de notas. Foram feitas avaliações nos anos 2000, 2001 e 2002, o que gerou 26 mapas de evolução da doença. Os resultados permitiram concluir que: (1) A incidência média do cancro basal foi influenciado pelo tipo de solo AQ3 (0,25%), AQ1 (0,21%) e LEm2 (0,09%); (2) Os valores do índice de dispersão (ID) foram > 1, para os tamanhos de quadrat 2x4, 5x2, 5x4 e 5x10; os valores de log (A) = log (Vobs) e log de (b) = log (Vbin) foram maiores que 1 e diferentes de zero, sugerindo uma tendência à agregação independente do tipo de solo; (3) 54,6% dos focos foram unitários, indicando que o cancro basal inicia-se com focos de apenas uma árvore; 80,8% dos focos apresentam maior comprimento na direção entre as linhas de plantio do que na direção da linha; focos maiores ocorreram no solo AQ3, que apresentaram-se menos compactos; a disseminação do cancro nesses povoamentos parece ter sido via sementes através das mudas; 89,1% dos mapas apresentaram focos com tamanho médio inferior a 10 árvores, no solo AQ3 em 10,9% dos focos o tamanho variou entre 11 a 30 árvores e nenhum foco foi formado acima de 30 árvores; os valores de índice de compactação de focos (ICF) e índice de compactação de focos não unitários (ICFNU) não foram distantes de 1,0 e corrobora com o resultado de que o cancro basal tem uma tendência à agregação; (4) o progresso da doença dá-se preferencialmente em função de um lento aumento em severidade do que em incidência, o maior valor da Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) ocorreu no solo AQ3; (5) o modelo de regressão linear simples possibilitou o ajuste adequado aos dados na análise da relação entre os níveis de severidade e a redução no percentual de volume da madeira, diâmetro à altura do peito (DAP) e altura da árvore; (6) o solo AQ3 apresentou maior densidade básica, extrativo total, lignina, número kappa e menores teores de holocelulose, celulose e rendimento; o solo LEm2 apresentou madeiras com menor densidade básica, extrativo total, lignina, número kappa, maior holocelulose e celulose. (7) o nível de severidade 3 do cancro basal foi o que mais influenciou nas características químicas da madeira de E. grandis e contribui para o aumento da densidade básica, extrativo total, lignina e reduziu os valores de holocelulose, celulose e rendimento na polpação kraft.
A study was carried out in three Eucalyptus grandis stands in the northern region of the State of São Paulo, in order to provide information on the spatio-temporal dynamics of eucalyptus canker, evaluate volume losses, and determine the effect of the disease on wood quality. Nine 7500 m2 plots (10×100) containing 1000 E. grandis trees from Santa Rita do P. Quatro-SP (origin: Coffs Harbour), in seed plantations on soils classified as loamy sands, AQ1 and AQ3 (10 to 15% clay), and on a silty-clay-loam-textured soil, LEm2 (26 – 35% clay). Evaluations were made in nine thousand two-year-old trees. Incidence was monitored individually according to the presence or absence of the disease. Severity was evaluated through the use of a diagrammatic rating scale. Evaluations were made in 2000, 2001, and 2002, and 26 disease progress maps were generated. The results allowed us to conclude that: (1) The mean incidence of eucalyptus canker followed a trend that matched the soil types: AQ3 (0.25%), AQ1(0.21.%), and LEm2 (0.09%); (2) The ID values were > 1 for quadrat sizes equal to 2×4, 5×2, 5×4, and 5×10; The log (A) = log (Vobs) and log (b) = log (Vbin) values were higher than 1 and different from zero, suggesting a tendency for aggregation, regardless of soil type; (3) 54.6% of the foci were single-unit, indicating that eucalyptus canker starts with single-tree foci; 80.8% of the foci had greater lengths between planting rows than along the rows; larger foci occurred in the AQ3 soil, which were less compact; canker dissemination in those stands seemed to have occurred via seeds through the seedlings; 89.1% of the maps had foci with mean sizes smaller than 10 trees in the AQ3 soil; in 10.9% of the foci the size ranged between 11 and 30 trees, and no focus formed at sizes above 30 trees; the ICF and ICFNU values were not close nor very far from 1.0, which corroborates the result that eucalyptus canker has a tendency for aggregation; (4) disease progress occurred preferentially as a function of a slow increase in severity rather than in incidence; variation was observed for the area under disease progress curve AACPD values; (5) the simple linear regression model allowed the data to be adequately fitted in the analysis of the relation between eucalyptus canker severity levels and the reduction in damage percentage on wood volume, diameter at breast height, and tree height; (6) the AQ3 soil had higher basic density, total extractives, lignin, and kappa number, and lower holocellulose and cellulose contents and yield; the LEm2 soil showed woods with lower basic density, total extractives, lignin, and kappa number, and higher holocellulose and cellulose contents. (7) eucalyptus canker severity level 3 had the greatest influence on the chemical characteristics of Eucalyptus grandis wood, and contributed toward increased basic density, total extractives and lignin, and reduced cellulose and holocellulose values and yield during Kraft pulping.