Em solos de baixa fertilidade e comumente não fertilizados, supõe-se que as
espécies florestais podem absorver formas menos lábeis de nutrientes que são
disponibilizados ao longo da rotação florestal. No entanto a avaliação desta situação
é complexa, pois os métodos clássicos estimam apenas os teores prontamente
disponíveis, dificultando o diagnóstico da fertilidade do solo e a definição da
necessidade de adubação. O objetivo deste trabalho foi analisaros teores e estoques
de diferentes formas decarbono, fósforo, potássio, cálcio e magnésio do solo em
florestas de Pinus taeda L. em primeira rotação (17 anos de cultivo) e terceira
rotação (49 anos de cultivo sucessivo) em diferentes camadas do solo até 80 cm de
profundidade. O solo em terceira rotação teve seu conteúdo relativo de carbono em
ácidos fúlvicos menor e o de ácidos húmicos maior, quando comparado à floresta
em primeira rotação, indicando que com o aumento do tempo de uso com florestas
há a transformação de formas mais lábeis de carbono em formas mais estáveis. Os
teores totais não são bons indicadores de modificações do C na superfície do solo e
as frações da matéria orgânica podem ser utilizadas para diagnosticar a dinâmica da
matéria orgânica do solo em florestas de Pinus. A fração de P inorgânico
moderadamente lábil (Pi-NaOH) foi 47% maior na floresta em 3a rotação de Pinus,
enquanto as frações inorgânicas lábeis (Pi-RTA e Pi-NaHCO3) e orgânicas lábeis
(Po-NaHCO3) foram maiores nos solos sob primeira rotação, sugerindo a existência
de uma modificação das formas de fósforo e que, diferentes formas desse nutriente
podem contribuir com a disponibilidade de P em solos sob florestas de Pinus. A
floresta há mais tempo cultivada com Pinus taeda apresentou menores teores e
estoques de K trocável (extraído por NH4OAc.), Ca e Mg trocáveis (KCl), K não-
trocável (HNO3) e de Ca semi-total (Água régia). Tanto o P como o K e Mg
apresentaram grande reserva em formas não lábeis (ou não trocáveis e semitotais)
que poderão vir a ser disponibilizadas em longo prazo, diferentemente do Ca, que
apresentou teores lábeis e totais muito baixos. Assim, enquanto as formas
disponíveis de P, K e Mg poderiam ser reabastecidas por outras formas destes
nutrientes no solo, independente de reposição via fertilização, a exportação sem
nenhuma reposição de Ca poderá limitar drasticamente a disponibilidade deste
nutriente no solo.
In soils of low fertility and commonly not fertilized, it is assumed that during the
development of forest species, stands they can absorb less labile forms of nutrients.
This situation implies on more specific soil analysis because the classical methods
estimate only the readily available nutrients, difficulting the diagnosis of soil fertility
and fertilizer recommendation for forests. The objective of this study was to analyze
labile and non-labile forms of carbon (C), phosphorus (P), potassium (K), calcium
(Ca) and magnesium (Mg) of soil in forests of Pinus taeda in the first rotation (17
years of cultivation) and third rotation (49 years of continuous pine cultivation) in
different soil layers up to 80 cm depth. The relative content of soil carbon in fulvic
acid decreased from first to third rotation and humic acids increased from first to third
rotation, indicating that with the increase of time use with forests, there is the
transformation of more labile carbon in more stable forms. These results show that
the total organic carbon may not be a good indicator of the changes in the soil carbon
dynamics under pine forests, and that fractions of organic matter may be more
reliable. With time, the moderately labile inorganic P acted as a sink of soil P,
increasing its levels from first to third rotation, while the labile inorganic (Pi-Pi-RTA
and NaHCO3) and labile organic (Po-NaHCO3) acted as a source of P, suggesting
that the analysis of available P in soils under pine forests should take into account
these fractions. The soil on older use with pine forest showed lower levels and stocks
of K, Ca and Mg and non-exchangeable Ca and K. Both, P, K and Mg showed great
reserve in non-labile forms that may be available in the long term, unlike Ca, which
showed labile and total concentrations too low. Thus, while the available forms of P,
K and Mg could be replenished by other forms of these nutrients in the soil,
regardless of replenishment through fertilization, the export of Ca by wood without its
replacement may drastically limit the Ca supply for next pine rotations.