Com o objetivo de compreender a dinâmica das bordas naturais de matas de galeria foram estudadas dez áreas, sendo alocadas três parcelas de 15 x 20 m em cada área. Foram amostrados todos os indivíduos com DAP ≥ 1,0 cm, os quais foram medidos, quanto ao DAP e a altura, e mapeados. Um ano após o primeiro levantamento, foi realizado o segundo inventário, no qual todos os indivíduos amostrados anteriormente foram remedidos, os mortos computados e os recrutas identificados, medidos e mapeados. Foram calculadas as taxas de dinâmica para o número de indivíduos e área basal, sendo essas as taxas anuais de mortalidade (M) e recrutamento (R) de árvores individuais e taxas anuais médias de perda (P) e ganho (G) de área basal dos indivíduos. Os resultados para a amostra total indicaram uma taxa de recrutamento superior à taxa de mortalidade (M=2,44%, R= 9,16%). A taxa de mudança líquida, em números de indivíduos, foi de 7,41%, demonstrando uma mudança expressiva. As taxas de rotatividade foram altas, tanto em relação ao número de indivíduos(T n =5,81%) quanto em relação à área basal(T AB =6,63%), porém não se diferenciou significativamente entre as áreas, de acordo com o teste de Kruskal-Wallis (p<0,05). A área basal da amostra total apresentou crescimento no intervalo entre os levantamentos (ChAB = 8,13%), sendo que o ganho em área basal foi superior a perda (G=9,94%; P=3,31%). O número inicial de indivíduos teve influência negativa sobre a taxa de recrutamento e a taxa de mudança líquida em relação ao número de indivíduos. As regressões entre a área basal e as taxas de dinâmica foram significativas apenas para a taxa de ganho e de mudança líquida em termos de área basal. Em ambos os casos, o decréscimo na área basal é acompanhado de um aumento das taxas. A regressão entre a taxa de mortalidade e a densidade foi significativa (p=0,04 , R=0,14), sendo que áreas com maior densidade possuem maior mortalidade. A distribuição dos indivíduos por classes diamétricas seguiu o padrão de J-invertido. A distribuição das freqüências de indivíduos observados em 2011 não diferiu significativamente da esperada em relação a 2010 (χ 2 = 0,757; p = 0,85). O número de entradas e saída não diferiram nas classes, com exceção da primeira classe, segundo a Contagem de Poisson. Há um aumento do número de recrutas com o distanciamento da borda. Além disso, espécies pioneiras possuem uma maior probabilidade de sobrevivência quanto mais perto da borda, já espécies clímax reagem de forma oposta. A hipótese de taxas aceleradas de dinâmica não se confirmou para a taxa de mortalidade. O aumento significativo de indivíduos de um ano para o outro, sem que houvesse uma mortalidade na mesma proporção, indicaria uma possível expansão das bordas, um efeito das altas taxas de crescimento ou de flutuações cíclicas das taxas.
In order to understand the dynamics of natural edges in gallery forests, ten areas were studied, being allocated three plots of 15 x 20 m in each area. All the individuals with DBH ≥ 1.0 cm were measured, according to their DBH and height, and mapped. One year after the first survey, the second inventory was conducted, in which all the individuals sampled previously were remeasured, the dead trees were recorded and the recruits were identified, measured and mapped. According to the number of individuals and basal area, the following dynamics rates were calculated: annual rates of mortality (M) and recruitment (R) of individual trees and average annual rates of basal area loss (L) and gain (G) of the individuals. The results for the total sample indicate a recruitment rate higher than the mortality rate (M=2,44%, R= 9,16%). The net change rate, in number of individuals, was 7,41%, indicating a significant change. The turnover rates were high, both for the number of individuals (Tn=5,81%) and for the basal area (TAB=6,63%), but did not differ significantly among the areas, according to Kruskal-Wallis test (p<0,05). The basal area of the total sample showed an increase in the interval between the surveys (ChAB = 8,13%), being the gain in basal area superior to the loss (G=9,94%; L=3,31%). The initial number of individuals had a negative influence on the recruitment rate and on the net change rate for the number of individuals. The regressions between basal area and dynamics rates were significant only for the rates of gain and net changes in terms of basal area. In both cases, the decrease in basal area was accompanied by an increase of these rates. The distribution of individuals in diameter classes followed the pattern of inverted-J. The frequency of distribution of individuals observed in 2011 did not differ significantly from the expected considering the data of 2010 (χ2= 0,757; p = 0,85). The number of entries and outputs did not differ in the classes, except for the first class, according to the Poisson count. The greater is the distance from the edge, the higher is the number of recruits. Besides, pioneer species present a higher survival probability when they are closer to the edge, while climax species react in an opposite way. These results confirm the hypothesis that natural edges present an accelerated dynamics, but the edge effects do not influence the species the same way. The significant increase of individuals from one year to another, not followed by mortality in the same proportion, could indicate a possible expansion of the edges, or a response to the fire regimes.