Resumo:
As imperfeições na comercialização da castanha de caJu e o baixo nível tecnológico destacam-se como as principais ameaças à sua consolidação definitiva. Além disso, as sucessivas mudanças na política econômica do país, principalmente na última década, provocaram incertezas, com reflexos negativos para o complexo agroindustrial do caju, com maiores conseqüências para o setor primário. O incipiente nível de organização dos produtores tem concorrido para que eles atuem marginalmente na formação de preços, ficando à mercê de compradores, integrantes da rede atacadista e das indústrias, os quais são, de fato, os formadores de preços da castanha de caju. Estes segmentos possuem um adequado nível de organização associativista, capacidade de estocar significativas quantidades de castanha de caju (matéria-prima). Além disso, estima-se que 40% da produção advém de produtores que também são industriais, o que fortalece seu poder de barganha no processo de comercialização (Parente et al., 1991). Os preços pagos pela castanha de caju nos últimos anos, no mercado interno, têm sido declinantes e instáveis, com repercussões danosas ao processo de capitalização e rentabilidade do setor produtivo (Paula Pessoa & Lemos, 1990). No entanto, as cotações internacionais têm se mantido relativamente estáveis. A crise do setor origina-se no âmbito interno, estando a sua modernização e consolidação condicionadas a ajustes, que possibilitem uma distribuição mais eqüitativa dos custos e benefícios entre os segmentos envolvidos na produção e comercialização de castanha e amêndoa de caju. A rápida expansão das áreas com cajueiro- comum, induzida pela instituição dos incentivos fiscais na década de 70, e uma insuficiente tecnologia disponível provocaram drásticas quedas nos rendimentos, neutralizando grande parte da expansão de oferta esperada (Paula Pessoa & Parente, 1992). Nestas condições, a exploração do cajueiro- comum é atualmente um negócio pouco atrativo, quando comparado com as oportunidades de investimentos isentos de risco oferecidos pelo mercado (Lima & Paula Pessoa, 1991). Como se pode observar, existe um elenco bem diversificado de problemas que poderão inviabilizar, a curto prazo, o complexo agroindustrial do caju. Nesse sentido, nas próximas seções serão analisados os ambientes interno e externo, e sugeridas medidas que motivem a revitalização da cajucultura nordestina. Os dados estatísticos usados neste trabalho foram obtidos no Banco do Nordeste do Brasil - BNB, EMBRAPA / Centro Nacional de Pesquisa de Agroindústria Tropical - CNPAT e Parente et aI., 1991.