Resumo:
A cajucultura nordestina floresceu na década de 70, sustentada pela política de incentivos fiscais do governo federal, priorizando a expansão da agroindústria de processamento de castanha e a expansão da área cultivada com o cajueiro comum. Esta expansão se deu sem o plantio de sementes e mudas melhoradas de cajueiro-comum, o que resultou em pomares extremamente variáveis e improdutivos. Tudo isto, associado aos pequenos espaçamentos entre árvores é a ausência de preceptações regulares, vem contribuindo para as quebras de safras sucessivas, destacando-se a safra de 1990 como a mais fraca dos últimos anos, resultando em abandono de pomares e fechamento de fábricas de processamento de castanha, com graves consequências sociais. Após quase quatro anos de análise desta grave situação e de discussões com técnicos da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária do Ceará, Comissão Estadual de Planejamento Agrícola, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Ceará, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará, Centro Nacional de Pesquisa de Cajú da EMBRAPA e Companhia de Produtos Alimentícios do Nordeste - COPAN, os autores apresentam a todos os segmentos envolvidos com a agroindústria do caju algumas diretrizes para recuperação da cajucultura nordestina. Merece destaque o fato de muitas tecnologias de manejo propostas já estarem sendo adotadas com sucesso pela COPAN. Entre as medidas agronômicas recomendadas destacam-se as "alternativas de manejo", eliminação seletiva de plantas atípicas e/ou improdutivas, recuperação de copa, extração da goma e renovação total do pomar por clones, especialmente os de cajueiro-anão-precoce. Entre as medidas econômicas sobressaem-se a "concessão de crédito para custeio e investimento em tecnologias inovadoras, como as citadas, bem como a sua vinculação ao uso de clones nas áreas a serem instaladas, e a prática de preços justos no mercado interno de castanha". Acreditamos que a adoção conjunta das medidas propostas, com a participação dos órgãos de pesquisa e extensão, bancos, produtores, industriais e exportadores de caju, contribuirá para a reversão do quadro atual e para a implementação de nova cajucultura no Nordeste.